Este ano, Sandra Farias não parou de trabalhar um só
dia. Nem a pandemia do novo coronavírus impediu a agricultora de manter a
horta. A área de 50m², no Assentamento São José, zona rural de Caraúbas, é
diversificada. São canteiros de coentro, cebolinha, alface e até uma pequena
plantação de morango. Tem ainda macaxeira, tomate, berinjela e tantas outras
frutas cultivadas no espaço.
"Todos os dias a gente vem pra cá, limpa, é bem
diversificado. de manhã e tarde a gente vem, colhe, faz a horta", conta
Sandra.
Para dar conta de tanto trabalho, Sandra tem a ajuda
de outras três agricultoras. São mulheres do campo que plantam, colhem e mantêm
a rotina diária na produção agroecológica. Das Dores foi a última a chegar por
aqui, em 2016. Além da produção de alimentos, o trabalho com a terra também
trouxe outro fruto importante: a independência financeira para as mulheres do
campo.
Mais da metade da produção dessas mulheres é destinada
para o Programa de Aquisição de Alimento (PAA), o Compra Direta. Por meio do
programa, a produção é adquirida pela Emater e distribuída em parceria com os
municípios. Este ano, quando as agricultoras acharam que a pandemia poderia
atrapalhar as vendas, uma mudança na forma de vender os produtores se
transformou em alternativa. Foi a saída para muitos comerciantes: as vendas por
delivery. Semanalmente, hortaliças, frutas e verduras são entregues nas casas.
Sandra disse que o grupo conseguiu uma clientela que permanece fiel até hoje.
"A gente vendia na feira. No que
ficou acumulado, a gente pensou que iria perder, mas como teve o delivery, e o
PAA, desafogou. Deu pra vender tudo. Jamais a gente imaginava que iria
acontecer isso. Foi bastante produtivo. É um mercado novo que já pegou. O
delivery foi uma ideia muito forte", conta Sandra Farias.
Na primeira etapa deste ano do Programa Compra Direta,
em Caraúbas, foram adquiridos 5 toneladas de alimentos de 13 agricultores. Para
a próxima compra, até dezembro, a expectativa é comprar outros 16 toneladas de
17 agricultores. Entre os alimentos, estão as hortaliças, frutas e produtos
regionais como bolos, polpa de fruta e mel.
O analista de extensão rural da Emater em Caraúbas,
Fábio Praxedes, conta que "a pandemia trouxe mudanças e desafios e
construiu novas formas de trabalhar e novos mercados como o delivery e as
adequações nas feiras livres para seguir os protocolos estabelecidos".
Os alimentos da agricultura familiar que eram levados
para escolas e instituições como hospitais e Centros de Referência de
Assistência Social (Cras) se transformaram em kits com mais de 32 produtos.
Com as escolas fechadas por causa da pandemia, os
alimentos que eram destinados à merenda dos estudantes dos ensinos infantil e
fundamental do município de Caraúbas estão reforçando a alimentação das
crianças em casa. Cestas básicas são entregues para os alunos enquanto as aulas
estiverem suspensas. A produção agrícola é fundamental pra compor os kits
oferecidos.
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