Um grupo de empresas farmacêuticas que trabalham em
diferentes projetos para obter uma vacina contra
a covid-19 planeja lançar uma declaração em conjunto no início desta
semana se comprometendo a respeitar os rigorosos padrões de eficácia e
segurança do imunizante.
A iniciativa pretende tranquilizar o público de que as
empresas não buscarão a aprovação prematura de uma vacina, mesmo sob pressão
política do governo Trump. O presidente republicano vem pressionando para que
uma delas esteja disponível até outubro, pouco antes da eleição presidencial em
que Donald Trump tentará se reeleger. Por causa disso, cientistas,
reguladores e especialistas em saúde pública expressaram preocupação.
A existência da declaração conjunta das farmacêuticas
se tornou pública na última sexta-feira, 4, pelo jornal americano The Wall
Street Journal. Entre as fabricantes que supostamente assinarão a carta estão
as americanas Pfizer, Moderna e Johnson & Johnson, a britânica
GlaxoSmithKline (GSK) e a francesa Sanofi.
Reguladores da Food and Drug Administration (FDA), a
agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos,
também têm discutido a possibilidade de fazerem sua própria declaração pública
conjunta sobre a necessidade de confiar em ciência comprovada, segundo dois
altos funcionários do governo.
Os cientistas estão correndo em velocidade recorde
para desenvolver uma vacina que possa acabar com a pandemia, que tirou a vida
de quase 190 mil pessoas nos EUA e infectou mais de 6 milhões no
país. Três empresas – Moderna, Pfizer e Astrazeneca – já estão testando seus
imunizantes em estágio final.
Na última semana, o presidente executivo da Pfizer
disse que a empresa poderia ver resultados em outubro. As outras farmacêuticas,
porém, falaram que planejam lançar uma vacina até o final do ano.
O rápido desenvolvimento de uma vacina contra a
covid-19 e os primeiros resultados promissores foram aplaudidos por
especialistas em saúde pública. No entanto, eles ficaram preocupados quando
Trump e seus aliados começaram a falar sobre um imunizante que poderia estar
pronto antes das eleições de 3 de novembro. Há temores de que a Casa Branca
poderia estar pressionando para pular etapas no processo de aprovação da
vacina, a fim de aumentar as chances de reeleição do presidente.
Em tweets e comentários públicos, Trump vinculou
explicitamente sua reeleição a uma vacina, uma ideia detalhada na semana
passada na Convenção Nacional Republicana, onde vídeos promocionais
apresentavam os esforços do governo para financiar e desenvolver o imunizante.
Conselheiros da campanha Trump chamaram em particular uma vacina pré-eleitoral
de “o Santo Graal”.

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