quarta-feira, 27 de maio de 2020

RN zera desmatamento da Mata Atlântica em 2019, aponta levantamento



Na contramão do país, o Rio Grande do Norte zerou o desmatamento das áreas de Mata Atlântica em 2019, segundo o Atlas da Mata Atlântica, iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), realizada desde 1989.

Em um ano, a quantidade de hectares desmatados cresceu 27% no Brasil, passando de 11.399 entre 2017 e 2018 para 14.502 entre 2018 e o ano passado. O bioma conta com legislação própria para preservação.

Entre 2017 e 2018, o RN havia registrado desmatamento de 13 hectares, ou seja, 130 mil metros quadrados - o equivalente a 18 campos de futebol. Porém, no ano passado, os registros foram reduzidos a zero. De acordo com o estudo, os limites potiguares abrigam 12.172 hectares de floresta preservada - o equivalente a 3,5% do total distribuído em 17 estados.

“Pela primeira vez dois estados conseguiram zerar os desmatamentos acima de 3 hectares: Alagoas e Rio Grande do Norte. Entre 2017-2018, Alagoas havia registrado 8 hectares de desmatamento, enquanto o Rio Grande do Norte teve 13 hectares”, ressaltou Marcia Hirota, diretora executiva da SOS Mata Atlântica e coordenadora geral do Atlas.

Ela considerou que o Atlas mede desflorestamentos maiores que 3 hectares, portanto os números não atestam que o desmatamento acabou totalmente no estado, mas que ele pode estar ocorrendo em pequena escala.

“Em muitos estados que chegaram ao nível do desmatamento zero pode ocorrer o chamado efeito formiga, os desmatamentos pequenos que continuam acontecendo em várias regiões e o satélite não enxerga. É a floresta nativa sendo derrubada aos poucos, principalmente pelo avanço de moradias e expansão urbana”, diz ela.

A Mata Atlântica é o bioma brasileiro mais desmatado, segundo a SOS Mata Atlântica: apenas 12,4% da área de floresta original ainda sobrevive – cerca de 16,3 milhões de hectares. Após dois períodos consecutivos de queda, foi registrado aumento no desmatamento.

O estado campeão de desflorestamento foi Minas Gerais, que teve uma perda de quase 5.000 hectares de floresta nativa. A Bahia ficou em segundo lugar, com 3.532 hectares, seguida pelo Paraná, com 2.767 hectares. Os três líderes do ranking tiveram aumento de desflorestamento de 47%, 78% e 35% respectivamente, ao comparar com o período anterior. Já o quarto e quinto lugares da lista, Piauí e Santa Catarina, tiveram redução do desflorestamento em relação ao período 2017-1018 de 26% e 22%. Piauí somou 1.558 hectares desmatados e Santa Catarina 710 hectares.

A maior parte da Mata Atlântica do Brasil está em Minas Gerais, que tem 17% do bioma (cerca de 2,8 milhões de hectares). Em seguida vêm São Paulo e Paraná (com cerca de 2,3 milhões cada), Santa Catarina (2,2 milhões), Bahia (2 milhões) e Rio Grande do Sul, com 1 milhão de hectares.

Outros 11 estados têm Mata Atlântica em sua área: Alagoas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Sergipe.

Caatinga

Já o Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, que abrange outros biomas no Rio Grande do Norte, como a caatinga, aponta que o estado registrou 4 alertas ao longo do ano passado - um dos menores números, junto com Ceará (4) e Paraíba (3). Ainda assim, o estado teria perdido cerca de 72 hectares ao longo do ano.

"Os estados da região nordeste que abrangem a região da Caatinga foram os que apresentaram os menores números e áreas de desmatamento. O que pode refletir as limitações de detecção de desmatamento de vegetação do semiárido pelos sistemas atuais", considerou o relatório.


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