Na contramão do país, o Rio Grande do Norte zerou o
desmatamento das áreas de Mata Atlântica em 2019, segundo o Atlas da Mata
Atlântica, iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE), realizada desde 1989.
Em um ano, a quantidade de hectares desmatados cresceu
27% no Brasil, passando de 11.399 entre 2017 e 2018 para 14.502 entre 2018 e o
ano passado. O bioma conta com legislação própria para
preservação.
Entre 2017 e 2018, o RN havia registrado desmatamento
de 13 hectares, ou seja, 130 mil metros quadrados - o equivalente a 18 campos
de futebol. Porém, no ano passado, os registros foram reduzidos a zero. De
acordo com o estudo, os limites potiguares abrigam 12.172 hectares de floresta
preservada - o equivalente a 3,5% do total distribuído em 17 estados.
“Pela primeira vez dois
estados conseguiram zerar os desmatamentos acima de 3 hectares: Alagoas e Rio
Grande do Norte. Entre 2017-2018, Alagoas havia registrado 8 hectares de
desmatamento, enquanto o Rio Grande do Norte teve 13 hectares”, ressaltou
Marcia Hirota, diretora executiva da SOS Mata Atlântica e coordenadora geral do
Atlas.
Ela considerou que o Atlas mede desflorestamentos
maiores que 3 hectares, portanto os números não atestam que o desmatamento
acabou totalmente no estado, mas que ele pode estar ocorrendo em pequena
escala.
“Em muitos estados que chegaram ao nível do
desmatamento zero pode ocorrer o chamado efeito formiga, os desmatamentos
pequenos que continuam acontecendo em várias regiões e o satélite não enxerga.
É a floresta nativa sendo derrubada aos poucos, principalmente pelo avanço de
moradias e expansão urbana”, diz ela.
A Mata Atlântica é o bioma brasileiro mais desmatado,
segundo a SOS Mata Atlântica: apenas 12,4% da área de floresta original ainda
sobrevive – cerca de 16,3 milhões de hectares. Após dois períodos consecutivos
de queda, foi registrado aumento no desmatamento.
O estado campeão de desflorestamento foi Minas Gerais,
que teve uma perda de quase 5.000 hectares de floresta nativa. A Bahia ficou em
segundo lugar, com 3.532 hectares, seguida pelo Paraná, com 2.767 hectares. Os
três líderes do ranking tiveram aumento de desflorestamento de 47%, 78% e 35%
respectivamente, ao comparar com o período anterior. Já o quarto e quinto
lugares da lista, Piauí e Santa Catarina, tiveram redução do desflorestamento
em relação ao período 2017-1018 de 26% e 22%. Piauí somou 1.558 hectares
desmatados e Santa Catarina 710 hectares.
A maior parte da Mata Atlântica do Brasil está em
Minas Gerais, que tem 17% do bioma (cerca de 2,8 milhões de hectares). Em
seguida vêm São Paulo e Paraná (com cerca de 2,3 milhões cada), Santa Catarina
(2,2 milhões), Bahia (2 milhões) e Rio Grande do Sul, com 1 milhão de hectares.
Outros 11 estados têm Mata Atlântica em sua área:
Alagoas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco,
Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Sergipe.
Caatinga
Já o Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, que
abrange outros biomas no Rio Grande do Norte, como a caatinga, aponta que o
estado registrou 4 alertas ao longo do ano passado - um dos menores números,
junto com Ceará (4) e Paraíba (3). Ainda assim, o estado teria perdido cerca de
72 hectares ao longo do ano.
"Os estados da região nordeste que abrangem a
região da Caatinga foram os que apresentaram os menores números e áreas de
desmatamento. O que pode refletir as limitações de detecção de desmatamento de
vegetação do semiárido pelos sistemas atuais", considerou o relatório.
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