Um projeto de lei na Câmara dos
Deputados, em Brasília, defende uma proposta interessante: dar uma folga para
mulheres que estejam menstruadas.
O texto diz o seguinte: “A empregada
poderá ser afastar do trabalho por até (três) dias ao mês, durante o período
menstrual, podendo ser exigida a compensação das horas não trabalhadas”. Ou
seja: menstruou, folgou, compensou.
O projeto é de autoria do deputado
federal Carlos Bezerra (MDB-MT), ex-governador do Mato Grosso. Apesar de ainda
ter um longo caminho até ser aprovado, o PL já foi enviado para a Comissão em
Defesa do Direito da Mulher na Câmara.
Licença existe em alguns países, mas tabu
atrapalha
A ideia é inspirada em uma empresa
britânica que já oferece esse tipo de licença. Por lá, elas podem ir para casa
em caso de cólicas ou outros incômodos relacionados à menstruação que você deve
conhecer: inchaço, enjoo, diarreia e por aí vai.
Os patrões britânicos decidiram por não
colocar um dia fixo no mês para essa licença para não associar o período a uma
doença, mas a um tempo para as mulheres respeitarem e valorizarem o próprio
corpo.
Em países asiáticos, como a Coreia do
Sul, a licença-menstruação existe há ao menos uma década. No Japão, a lei data
da década de 40, em uma tentativa de preencher a lacuna deixada no mercado de
trabalho após a Segunda Guerra Mundial.
Um estudo do governo do Reino Unido,
publicado no ano passado, mostra que as dores da menstruação foram o principal
problema relacionado à saúde reprodutiva nos 12 meses anteriores à pesquisa. A
questão foi mais citada do que problemas relacionados ao sexo e sintomas da
menopausa.
As entrevistas, porém, esbarram em um
dilema: as mulheres não falariam sobre o assunto no trabalho, por vergonha ou
receio de sofrerem preconceito. Uma das entrevistadas chegou a comparar o
esforço de trabalhar com dores a de um soldado em guerra.
Outro estudo feito por uma ONG na
Austrália, em 2016, apontou que 58% das australianas e mulheres de outros
países disseram que um dia de folga durante o período menstrual aumentaria a
produtividade durante todo o mês. Mais de 3,4 mil mulheres responderam a um
questionário para discutir o tema.
No projeto de lei brasileiro, escrito em
2019, o deputado argumenta que a produtividade da mulher cai devido a cólicas,
inchaços nas pernas, enjoo, diarreia e outras questões relacionadas ao ciclo,
com base em levantamento de uma consultoria de saúde.
Ainda há um longo caminho a ser percorrido.
O PL precisaria entrar na pauta da comissão, ser votado e enviado ao plenário
da Câmara.
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