O GLOBO
Levantamento da FGV aponta
deflação dos preços do arroz, de feijão e batata. Alta da carne bovina também
desacelerou.
Arroz, feijão, bife e batata frita. Essa combinação
imbatível para o paladar de muitos brasileiros, o chamado prato feito, voltou a
pesar menos no bolso. De acordo com levantamento de preços realizado pelo
economista André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do
Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (IBRE/FGV), esses
quatro alimentos, junto a outros sete que, segundo o IBGE, compõem o PF,
tiveram queda média de 3,9% nos últimos 12 meses (de setembro de 2016 a agosto
deste ano). A deflação foi maior do que se considerada a alimentação em
domicílio no geral, cuja queda de preços ficou em 3,32% no mesmo período.
Braz destaca que, ao contrário do comportamento
histórico dos alimentos, de maior dispersão de variações, há uma queda
generalizada de preços entre os 11 itens que compõem o prato feito brasileiro:
– Houve uma contribuição variada nessa deflação. Em
geral não vemos queda generalizada. Ora só dos in natura, ora só arroz e
feijão, ora os derivados do trigo.
O resultado pode ser explicado pelo baixo aumento do
preço da carne, de 1,47%, no mesmo período. O valor do feijão-carioca, muito
consumido em São Paulo, despencou 56,47% e o feijão-preto, que não falta na
mesa de cariocas e mineiros, caiu 31,08%.
– Condições climáticas mais favoráveis colaboraram
para a queda do preço do feijão-carioca. A contribuição desse item foi modesta
para o recuo da cesta pois o feijão, apesar de essencial, não compromete fatia
grande do orçamento familiar. O destaque vai para a carne bovina que, sozinha,
compromete 2% do orçamento familiar, um dos mais altos entre os alimentos. A
elevação do preço (1,47%) veio abaixo da inflação medida pelo IPC/FGV e,
portanto, não apresentou aumento rea – analisou Braz, destacando que, dos 11
alimentos, só farinha de mandioca e ovo tiveram alta real de preço.
Outro item que registrou queda expressiva foi a
batata-inglesa (-48,58%). Já o arroz reduziu 5,93%. Os itens que apresentaram
aumento acima da média foram: cebola (28,93%), ovos (3,66%) e farinha de mandioca
(3,58%).
De acordo com o economista, o brasileiro pode
verificar algum aumento até o final do ano, mas nada que altere a tendência de
inflação baixa, que deve fechar 2017 em 3,3%.
– A redução não deve continuar tão destacada nos
próximos meses. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA/FGV) nos antecipa
quedas menos intensas e até algum aumento nos preços de alimentos importantes.
Contudo, nada indica que os preços da alimentação irão disparar – ponderou.
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