O secretário estadual de Fazenda e pré-candidato do
PT ao Governo do Estado, Cadu Xavier, alfinetou o estilo de atuação de alguns
adversários, fazendo um contraponto ao que chamou de “político de TikTok”. Para
ele, a eleição de 2026 não será decidida pelo marketing digital, mas pela
capacidade de gestão e compromisso com o Estado.
“O eleitor vai procurar em 2026 um candidato com
perfil técnico, um perfil de gestor, não é político de TikTok, essas coisas que
hoje existem no Brasil”, afirmou Cadu, em entrevista nesta quinta-feira 4 à TV
Agora RN.
Segundo o secretário, o eleitor deve buscar alguém
“comprometido com o estado do Rio Grande do Norte”. E completou: “Não um
personagem, e sim uma pessoa comprometida com a gestão do nosso estado”.
A crítica ocorre no momento em que o prefeito de
Mossoró, Allyson Bezerra (União), aparece como liderança nas pesquisas para o
Governo. Sem citá-lo nominalmente, Cadu fez oposição ao modelo de atuação
digital. Em outro momento da entrevista, reforçou que não pretende construir
uma figura artificial para se viabilizar politicamente. “Eu não vou passar o
dia passando para as pessoas que me seguem um personagem que eu não sou”.
Para Cadu, o próximo governador do Rio Grande do
Norte precisa ter “condições de conduzir o Estado para um rol de desenvolvimento”
e que trate a política “com seriedade, sem dancinhas de TikTok”.
Críticas a propostas de adversários
Cadu também criticou duramente propostas de
adversários que defendem demissões no serviço público. Sem citar Rogério
Marinho (PL) nominalmente, rebateu ideias associadas ao senador do PL.
“Falar em plano de demissão voluntária é uma falta
de conhecimento, é estar descolado da realidade que vive o Rio Grande do Norte.
A equação que nós precisamos resolver hoje é que o Estado tem servidores
envelhecidos, mais servidores inativos do que ativos”.
Cadu também ironizou ideias de cortes superficiais.
“Um pré-candidato falar que vai resolver a situação do Estado economizando
combustível é outro que está completamente desconectado da situação do Estado”.
Para o secretário, o caminho para o equilíbrio
fiscal passa pelo crescimento sustentável da folha e pelo desenvolvimento
econômico, e não por medidas punitivas. “O crescimento de receita vai vir do
desenvolvimento econômico do Estado”, disse, acrescentando que não se trata de
aumentar impostos, mas de fomentar atividades produtivas estratégicas.
Entre os setores apontados, Cadu destacou a retomada
da exploração de petróleo, a energia renovável offshore e a necessidade de
manter a cadeia produtiva no Estado. “A gente precisa que a cadeia toda da
energia renovável fique aqui”, afirmou.
Secretário nega explosão na folha
Na área fiscal, o secretário foi enfático ao negar
que o Governo esteja promovendo um crescimento descontrolado da folha de
pagamento, como vem sendo sugerido por setores da oposição. A Proposta de Lei
Orçamentária Anual (PLOA) de 2026 registra um déficit de aproximadamente R$ 1,5
bilhão, número que, segundo ele, tem origem essencialmente no déficit
previdenciário.
Sobre a alegação de que a folha cresceria 40% em
2026, Cadu foi direto: “Não é isso, seria uma irresponsabilidade nossa aumentar
a folha de pagamento do Estado em 40% de um ano para o outro”. Ele afirma que o
impacto real previsto está entre 7% e 8%, já considerando ativos e inativos.
Ao tratar da política salarial, defendeu a aplicação
de limites, mas sem congelar vencimentos. “Não dá para vilanizar o servidor, a
gente não pode colocar o servidor público como vilão da história”.
Ele destacou que a política salarial criada pelo
governo prevê reajuste todos os anos, mas limita o crescimento da folha a 80%
do crescimento da Receita Corrente Líquida. “Isso garante para os servidores
que eles não vão ter perda salarial, mas garante para o Estado que a folha não
vai crescer num ritmo maior do que a receita”.
Cadu rechaçou qualquer discurso de enfrentamento
direto com categorias profissionais. “Não é enfrentar o servidor”, disse. “A
gente está falando aqui de médicos, de enfermeiros, de policiais que estão nas
ruas trabalhando”.
Em tom pessoal, reforçou: “Eu sou servidor público”.
E acrescentou: “O que a gente vai precisar fazer é fazer esse debate. É
possível dar (reajuste) até onde o Estado tem condições de pagar, porque a
gente precisa colocar o Rio Grande do Norte nessa trajetória de reequilibrar as
suas finanças”.
Governo será entregue melhor, afirma Cadu
O secretário afirmou que a governadora Fátima
Bezerra (PT) entregará a gestão em situação muito superior à encontrada em
2019. Ele registrou que, no início do governo, havia salários atrasados, restos
a pagar elevados e contabilidade desorganizada.
Hoje, diz, o cenário é outro. “Hoje, o Rio Grande do
Norte está entre as cinco melhores contabilidades do País”. E citou
reconhecimento da Secretaria do Tesouro Nacional.
Ele também reforçou que o comprometimento da receita
com pessoal tem melhorado, apesar de ainda estar acima do limite previsto na
Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Sobre a transição, garantiu que o vice-governador
Walter Alves (MDB) está ciente da situação fiscal. “O vice-governador hoje já
tem noção exata do que está acontecendo com o Estado”. E garantiu: “A gente
passa o bastão para ele numa situação muito melhor do que a gente tinha antes”.
Cadu reconheceu que ainda há dificuldades, sobretudo
com fornecedores, mas minimizou riscos de colapso. “Nossa dificuldade hoje é a
situação dos fornecedores”, admitiu. “Mas a gente vai entregar numa situação
muito melhor”. E garantiu: “Ele vai conseguir honrar esse calendário de
pagamento até dezembro de 2026”.
Walter poderá não assumir após renúncia de Fátima
A sucessão no governo entrou na entrevista depois
que ganharam força especulações de que o vice-governador Walter Alves poderia
não assumir o comando do Estado em abril de 2026, quando a governadora Fátima Bezerra
deve renunciar ao cargo para disputar uma vaga no Senado.
Cadu Xavier afirmou que, até o momento, Walter não
comunicou à governadora qualquer decisão de não assumir o cargo. Segundo ele,
embora existam conversas com interlocutores e preocupações manifestadas nos
bastidores, não houve diálogo direto entre Walter e Fátima sobre uma eventual
recusa à sucessão.
O secretário relatou que foi criada uma comissão de
transição por iniciativa do próprio vice-governador para analisar a situação
fiscal do Estado e que equipes técnicas das duas gestões têm mantido reuniões.
“Essa conversa deve ocorrer nos próximos dias”, disse, ao afirmar que até o fim
do ano deverá haver uma definição política sobre o futuro do governo.
Cadu também alertou que a eventual decisão de Walter
de não assumir abriria uma série de consequências institucionais e políticas,
incluindo a possibilidade de permanência de Fátima no cargo ou até de uma
eleição indireta, conforme previsto na legislação estadual. “Abre um leque de
possibilidades que a gente pode ter”, afirmou.
Apesar das incertezas, o secretário disse acreditar
em um desfecho positivo para a permanência do vice no comando do Executivo
estadual. “Eu acho que o desfecho deve ser o vice-governador se manter a
posição dele de assumir o governo e a gente ir junto para essa disputa”,
declarou, ao defender a unidade do grupo político que governa o Estado desde
2019.

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