O maior gargalo da história do INSS — uma fila que
bateu 2,8 milhões de pedidos em outubro — avança sem controle enquanto o
comando da Previdência vive uma disputa aberta. O ministro Wolney Queiroz e o
presidente do instituto, Gilberto Waller, estão em choque direto, trocando
ofícios e acusações sobre interferência, exonerações e responsabilidades pela
crise que atinge aposentados e beneficiários em todo o país.
A tensão subiu de vez quando Waller pediu a demissão
da vice-presidente do INSS, Léa Bressy Amorim, alegando que ela usou seu
período de férias para promover servidores sem autorização. Wolney barrou a
solicitação, classificou as acusações como “genéricas” e lembrou que o próprio
Waller foi quem indicou Léa ao cargo. Desde então, o presidente do INSS tem
dito a aliados que está “no limite”, enquanto ambos evitam comentar
publicamente a queda de braço.
A briga ocorre em um momento em que benefícios que
dependem de perícia e análise complexa — como auxílio por incapacidade e BPC —
entopem o sistema. Especialistas apontam que a automação adotada pelo governo
não consegue interpretar laudos médicos e documentos sensíveis, gerando ainda
mais retrabalho. Some-se a isso a falta de pessoal, judicialização crescente e
grandes diferenças regionais, criando um ciclo de atrasos que o próprio governo
admite não conseguir resolver sozinho.
Enquanto isso, milhões de brasileiros seguem
esperando. Casos como o de Marcella Rosa, 65 anos, que aguarda resposta há
cinco meses sobre um pedido de BPC, se multiplicam. Sem acesso fácil à
tecnologia, ela vive ouvindo pelo telefone que seu processo “está em análise”.
A crise se arrasta, a fila cresce, e a disputa interna no alto comando só
aprofunda o caos na Previdência.
Com informações do O Globo

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