quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

Careca do INSS antecipou ida de Padilha para Saúde: “Ficou melhor”

 


O lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, vulgo Careca do INSS, sabia desde janeiro deste ano que Alexandre Padilha (PT) assumiria o Ministério da Saúde – o que só veio a acontecer, de fato, cerca de um mês depois. Em mensagem enviada no WhatsApp a um interlocutor e obtida pela coluna, o empresário informa sobre a mudança no comando da pasta e acrescenta: “Nossos projetos foram assumidos pelo novo ministro Ficou melhor… [sic]”

O Careca do INSS tentou fechar um acordo com o Ministério da Saúde para o fornecimento, sem licitação, de medicamentos à base de cannabis para o Sistema Único de Saúde (SUS). Nessa empreitada, contou com a ajuda formal da empresária Roberta Luchsinger, amiga de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho do presidente Lula (PT).

Roberta Luchsinger foi alvo da nova fase da Operação Sem Desconto, deflagrada na última quinta-feira (18/12). A PF identificou que ela recebeu R$ 1,5 milhão do Careca do INSS. Em um dos repasses, o lobista indicou que o dinheiro teria como destinatário “o filho do rapaz”, possivelmente se referindo a Lulinha.

“Os elementos colhidos durante o transcurso das investigações indicam que a investigada mantinha sociedade de fato com Antonio Camilo Antunes em searas de atuação diversas, especialmente na área de saúde pública, com atuação junto à Anvisa e Ministério da Saúde”, detalha o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao autorizar a nova fase da operação Sem Desconto.

A mensagem sobre a mudança no Ministério da Saúde foi encaminhada no dia 30 de janeiro. Na ocasião, o nome de Padilha era apenas ventilado como substituto de Nísia Trindade, mas não havia nenhuma confirmação oficial. O petista só foi anunciado como novo ministro da pasta, de fato, um mês depois, em 25 de fevereiro. A cerimônia de posse, no Palácio do Planalto, aconteceu em 10 de março.

Em nota à coluna, o Ministério da Saúde ressaltou que Padilha foi anunciado como titular da Saúde em 25 de fevereiro e que qualquer afirmação antes disso é mera especulação. “O produto mencionado sequer está incorporado ao SUS, nenhuma compra foi realizada e não existe qualquer processo dentro do Ministério da Saúde para a sua inclusão ou oferta.”

No mesmo texto, Antonio Camilo afirma que Berger [Swedenberger Barbosa] seria o novo presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que não se concretizou. Berger era secretário-executivo do Ministério da Saúde e, atualmente, é chefe do Gabinete Adjunto de Gestão Interna do Gabinete Pessoal do presidente Lula.

Registros obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI) revelam que o Careca do INSS esteve cinco vezes no Ministério da Saúde entre 2024 e 2025. Em todas as situações, ele indicou na portaria da Pasta que sua visita tinha coo destino a secretaria-executiva da pasta. Somente uma dessas reuniões, contudo, está registrada na agenda oficial de Berger.

Na Saúde, o Careca do INSS esteve acompanhado de Roberta Luchsinger, conforme revelou a coluna.

Em um áudio enviado ao Careca do INSS, Roberta Luchsinger defende a dispensa de licitação para o acordo que desejava que fosse firmado com o Ministério da Saúde. “É contratação, sim. Ele sabe que é dispensa. É a nova lei das licitações, não sei se você já deu uma lida. Devido ao cenário de emergência, podemos criar um documento bem robusto pedindo a dispensa de licitação”, disse a empresária. O áudio foi revelado pelo jornal O Globo.

Tacio Lorran - Metrópoles

 

 

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