O lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, vulgo
Careca do INSS, sabia desde janeiro deste ano que Alexandre Padilha (PT)
assumiria o Ministério da Saúde – o que só veio a acontecer, de fato, cerca de
um mês depois. Em mensagem enviada no WhatsApp a um interlocutor e obtida pela
coluna, o empresário informa sobre a mudança no comando da pasta e acrescenta:
“Nossos projetos foram assumidos pelo novo ministro Ficou melhor… [sic]”
O Careca do INSS tentou fechar um acordo com o
Ministério da Saúde para o fornecimento, sem licitação, de medicamentos à base
de cannabis para o Sistema Único de Saúde (SUS). Nessa empreitada, contou com a
ajuda formal da empresária Roberta Luchsinger, amiga de Fábio Luís Lula da
Silva, o Lulinha, filho do presidente Lula (PT).
Roberta Luchsinger foi alvo da nova fase da Operação
Sem Desconto, deflagrada na última quinta-feira (18/12). A PF identificou que
ela recebeu R$ 1,5 milhão do Careca do INSS. Em um dos repasses, o lobista
indicou que o dinheiro teria como destinatário “o filho do rapaz”,
possivelmente se referindo a Lulinha.
“Os elementos colhidos durante o transcurso das
investigações indicam que a investigada mantinha sociedade de fato com Antonio
Camilo Antunes em searas de atuação diversas, especialmente na área de saúde
pública, com atuação junto à Anvisa e Ministério da Saúde”, detalha o ministro
André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao autorizar a nova fase da
operação Sem Desconto.
A mensagem sobre a mudança no Ministério da Saúde
foi encaminhada no dia 30 de janeiro. Na ocasião, o nome de Padilha era apenas
ventilado como substituto de Nísia Trindade, mas não havia nenhuma confirmação
oficial. O petista só foi anunciado como novo ministro da pasta, de fato, um
mês depois, em 25 de fevereiro. A cerimônia de posse, no Palácio do Planalto,
aconteceu em 10 de março.
Em nota à coluna, o Ministério da Saúde ressaltou
que Padilha foi anunciado como titular da Saúde em 25 de fevereiro e que
qualquer afirmação antes disso é mera especulação. “O produto mencionado sequer
está incorporado ao SUS, nenhuma compra foi realizada e não existe qualquer
processo dentro do Ministério da Saúde para a sua inclusão ou oferta.”
No mesmo texto, Antonio Camilo afirma que Berger
[Swedenberger Barbosa] seria o novo presidente da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), o que não se concretizou. Berger era
secretário-executivo do Ministério da Saúde e, atualmente, é chefe do Gabinete
Adjunto de Gestão Interna do Gabinete Pessoal do presidente Lula.
Registros obtidos via Lei de Acesso à Informação
(LAI) revelam que o Careca do INSS esteve cinco vezes no Ministério da Saúde
entre 2024 e 2025. Em todas as situações, ele indicou na portaria da Pasta que
sua visita tinha coo destino a secretaria-executiva da pasta. Somente uma
dessas reuniões, contudo, está registrada na agenda oficial de Berger.
Na Saúde, o Careca do INSS esteve acompanhado de
Roberta Luchsinger, conforme revelou a coluna.
Em um áudio enviado ao Careca do INSS, Roberta
Luchsinger defende a dispensa de licitação para o acordo que desejava que fosse
firmado com o Ministério da Saúde. “É contratação, sim. Ele sabe que é
dispensa. É a nova lei das licitações, não sei se você já deu uma lida. Devido
ao cenário de emergência, podemos criar um documento bem robusto pedindo a
dispensa de licitação”, disse a empresária. O áudio foi revelado pelo jornal O
Globo.
Tacio Lorran - Metrópoles

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