quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Helicópteros dos EUA vistos no Caribe são de unidade que matou Bin Laden, diz imprensa americana

 


Helicópteros militares dos Estados Unidos foram vistos recentemente sobrevoando o mar do Caribe, a menos de 150 quilômetros da costa da Venezuela, segundo o jornal The Washington Post. As aeronaves pertencem ao grupo de elite do Exército norte-americano conhecido como “Night Stalkers”, responsável por operações secretas e por missões de alta complexidade, como a que resultou na morte do terrorista Osama Bin Laden em 2011, no Paquistão.

Oficialmente chamado de 160º Regimento de Aviação de Operações Especiais (SOAR), o esquadrão foi criado na década de 1980 e realiza missões noturnas e diurnas com precisão. Desde 2001, o grupo atua em operações ligadas à Guerra ao Terror e hoje presta apoio ao Comando Sul das Forças Armadas dos Estados Unidos, que cobre a América do Sul e o Caribe.

O regimento é composto por helicópteros MH-60 Black Hawk, MH-47 Chinook, MH-6 e AH-6 Little Bird, além de drones usados em reconhecimento e coleta de inteligência. “Sinceramente, acho que essas pessoas são os melhores pilotos de helicóptero do mundo… Eles são os pilotos de Fórmula 1 da aviação”, disse Steven Hartov, autor do livro The Night Stalkers, ao jornal britânico The Guardian.

Washington Post informou que imagens divulgadas nas redes sociais no início de outubro mostraram os helicópteros sobrevoando o mar perto de plataformas de petróleo e gás. O grupo costuma usar o navio MV Ocean Trader como base flutuante durante as missões. Uma análise de imagens de satélite identificou o navio em uma área ao nordeste de Trinidad e Tobago. Uma fonte do governo Trump confirmou ao jornal que as aeronaves estavam em exercícios de treinamento preparatórios.

A presença dos “Night Stalkers” no Caribe ocorre em um contexto de tensões entre os Estados Unidos e a Venezuela. Desde setembro, o governo norte-americano avalia uma possível operação militar na região, que pode incluir ataques a estruturas ligadas a cartéis de drogas. O objetivo declarado seria retirar o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, do poder.

Um mês antes, o Departamento de Justiça dos EUA ofereceu uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levassem à prisão de Maduro. Em seguida, o governo anunciou o envio de navios e aeronaves militares para o Caribe, alegando tratar-se de uma operação contra o tráfico internacional de drogas.

Segundo o Washington Postagentes da CIA estariam envolvidos em uma escalada de ações secretas na costa venezuelana. Fontes do jornal relataram ter tido acesso a um documento confidencial que autoriza “ações agressivas contra o governo venezuelano”. “O documento não ordena explicitamente que a CIA derrube Maduro, mas autoriza medidas que podem levar a esse resultado”, diz o texto publicado pelo jornal.

Para o cientista político Maurício Santoro, doutor pelo Iuperj e colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha do Brasil, o movimento pode ter motivações políticas. “Nos Estados Unidos, as Forças Armadas não têm atribuição constitucional de atuar em segurança pública, como ocorre no Brasil. Então, para uma operação contra a Venezuela, o argumento mais viável seria o combate ao terrorismo”, afirmou.

Segundo ele, “o governo Trump parece tentar construir um caso jurídico e político para isso. Seria como apresentar para a opinião pública uma guerra como se fosse uma operação contra o tráfico de drogas, e uma forma de deslegitimar o regime de Maduro”.

Santoro avalia que a presença dos “Night Stalkers” na região indica possíveis operações de forças especiais na Venezuela. “Pode ser, por exemplo, uma tentativa de capturar ou matar autoridades venezuelanas de alto escalão”, disse.

Apesar das especulações, uma fonte do governo americano ouvida pelo Washington Post afirmou que os exercícios com helicópteros não devem ser interpretados como preparação para uma invasão terrestre.

 

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