O Programa de
Interiorização da Carcinicultura pretende ampliar a produção de camarão no Rio
Grande do Norte e formalizar 150 novos pequenos produtores até 2026,
alavancando a atividade de forma sustentável. Até o momento, o projeto já
mapeou 23 municípios potiguares com potencial para a criação de camarões em
cativeiro. O projeto de lei complementar que institui o programa tramita na
Assembleia Legislativa.
Atualmente, o litoral
potiguar concentra a carcinicultura, atividade em que o RN é o segundo maior
produtor brasileiro. O objetivo do Programa de Interiorização da Carcinicultura
é ampliar essa área de atuação. Segundo David Soares, superintendente federal
de Pesca e Aquicultura no RN, espera-se um aumento no número de produtores de
35%.
“A ideia é retomar o
crescimento da produção de camarão, mas de maneira sustentável. Muita gente
fala do Ceará [que ultrapassou o RN e se tornou o maior produtor brasileiro], e
lá de fato houve uma explosão de produção de camarão, mas com menos de 30% de
licenciamento ambiental”, diz Soares. Ele explica que uma das fases do projeto
é o licenciamento ambiental dos novos empreendimentos.
Os governos federal e
estadual demandaram, e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas no RN (Sebrae/RN) realizou os procedimentos iniciais: o diagnóstico e
o mapeamento de 23 municípios com grande potencial para instalação e expansão
de empreendimentos aquícolas. A proposta conta com recursos de emendas
parlamentares da deputada federal Natália Bonavides (PT), que destinou R$ 810
mil para ações estruturantes do setor.
Após o diagnóstico e
mapeamento, os recursos serão destinados para a qualificação de pequenos
produtores e formalização dos empreendimentos. Essas fases, segundo explicou
Soares, dependem da sanção e regulamentação da lei. Assim, a interiorização se
dará de maneira sustentável e legal, com capacidade de contratação de crédito e
acesso a mercados.
Antonino Bezerra,
consultor credenciado no Sebrae/RN, conta que a fase de diagnóstico segue com a
expectativa de complementar as cidades com potencial para a atividade. Ele
pontua que a metodologia inclui o levantamento topográfico da área e o estudo
de características como disponibilidade de água, relevo, acesso à energia e
potencial de uso do terreno, avaliando se ele é propício para a implantação do
projeto.
David Soares diz que o
projeto é discutido desde 2023 pelos governos estadual e federal. “Hoje, o Rio
Grande do Norte tem mais de 90% da sua produção de camarão com licenciamento
ambiental. E nós queremos continuar essa expansão, só que dessa maneira
sustentável”.
Projeto na ALRN
O programa tramita na ALRN
em forma de projeto de lei complementar, de autoria do Executivo Estadual. Na
ALRN, os deputados membros da Comissão de Finanças e Fiscalização (CFF)
aprovaram o projeto no dia 20 de agosto. A matéria foi enviada pelo governo
estadual e contou com relatoria do deputado Adjuto Dias (MDB), cujo parecer foi
aprovado com unanimidade.
O texto propõe a isenção
de taxas de outorga de água e licenciamento ambiental para empreendimentos com
até cinco hectares de área produtiva inundada. O objetivo é facilitar a entrada
de novos produtores e incentivar a expansão da atividade fora da zona costeira
e descentralizar a produção, hoje concentrada no litoral. Desse modo, o
programa busca estimular a criação de fazendas de camarão no interior potiguar,
reduzindo custos para pequenos produtores e promovendo a formalização da
atividade em regiões afastadas da zona costeira.
A medida busca retomar a
liderança nacional do RN na produção de camarão, além de gerar emprego, renda e
aumento da arrecadação do ICMS. O projeto também prevê que a Secretaria de
Estado da Agricultura, da Pecuária e da Pesca (SAPE) elabore, em até 120 dias
após a promulgação da lei, um plano de monitoramento da qualidade da água nas
bacias hidrográficas impactadas pelos novos empreendimentos.
O engenheiro de
aquicultura Jonathas Sales, consultor do Sebrae/RN, frisa que a intenção é se
inspirar no exemplo do Ceará, que começou no interior e se expandiu, mas com
maiores índices de licenciamento ambiental. Ainda segundo ele, a expansão da
carcinicultura para o interior vai impulsionar a abertura de novas cadeias
produtivas, como lojas de insumos, venda de ração e equipamentos e novos
laboratórios de larvas.
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