A prisão domiciliar de Jair Bolsonaro era
previsível. Assim como é dada como certa a condenação dele no julgamento do
STF.
A domiciliar desta segunda-feira (4), decretada pelo
ministro Alexandre de Moraes, estava sendo esperada desde domingo (3) à noite.
Seguiu-se à participação indireta do ex-presidente nas manifestações convocadas
para atacar o Supremo, especialmente o próprio relator do julgamento, Moraes.
Note-se que, na decisão de Moraes pela domiciliar,
não há referência ao órgão acusador, que é a Procuradoria-Geral da República.
Por ofício, por força de lei antiga, o juiz pode decretar prisão.
Mas, no caso de Bolsonaro, o ministro do Supremo
jogou para o alto o que se chama, em linguagem jurídica, de “prudência”. E,
aparentemente, explodiu o que se consideravam conversas de bastidor em
Brasília, envolvendo também figuras do Supremo, para tentar baixar a
temperatura.
O que aconteceu agora foi o aumento da fervura, sem
que ninguém consiga, neste momento, calcular até onde isso vai chegar.
Em Washington, há poucas dúvidas de que a domiciliar
de hoje será interpretada como uma resposta pessoal de Moraes à imposição
contra ele da Lei Magnitsky,
possivelmente colocando em marcha novas sanções contra o STF e, eventualmente,
contra o próprio governo brasileiro.
Na política doméstica, Moraes, na prática, afasta
Bolsonaro do processo eleitoral. Abre o semestre no Congresso em um ambiente de
enorme tensão e hostilidade ao governo e ao Judiciário e coloca o que se possa
chamar de “amplo espectro da direita” no Brasil diante de um fracionamento mais
acentuado.
Bolsonaro desafiou, Moraes dobrou a aposta, Trump
está com um enorme porrete na mão — e falando grosso. Difícil acreditar que
isso acabe bem.
CNN – William Waack
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