Durante entrevista ao Jornal da Manhã da
Jovem Pan Natal, a cardiologista Ana Cláudia Solano abordou
uma das dúvidas mais frequentes no pós-pandemia: existe relação entre
as vacinas contra a Covid-19 e problemas cardíacos, como infartos ou
miocardites?
Segundo a médica, embora vacinas, de forma geral,
possam causar reações inflamatórias em diferentes órgãos do corpo – incluindo o
coração – os casos registrados de complicações cardíacas associadas à vacinação
contra a Covid-19 foram isolados e estatisticamente pouco representativos.
“É certo que vacinas, em geral, têm um componente
inflamatório, que é reativo aos anticorpos formados. Esses anticorpos podem ter
uma atração por determinados órgãos, como o sistema nervoso central ou o
coração”, explicou. “No caso da Covid-19, a vacina realmente chamou mais
atenção para o tropismo – essa afinidade – com o músculo cardíaco,
especialmente com as células miocárdicas.”
A cardiologista confirmou que houve, sim, uma vacina
em particular com mais registros de miocardite, uma inflamação no músculo do
coração: a da AstraZeneca. “Houve uma relação com um laboratório
específico que levou, inclusive, a orientações para o uso de vacinas de outros
laboratórios em determinados casos”, afirmou.
No entanto, Ana Cláudia reforçou
que a análise de qualquer política de vacinação precisa sempre considerar
o princípio do risco-benefício. “Não dá para generalizar e dizer
‘não vou tomar a vacina porque isso vai me levar a um problema cardíaco’. A
porcentagem de casos foi pequena, e a prevenção ainda é o foco”, ressaltou.
A médica ainda alertou para o risco de desinformação
e interpretações equivocadas. “A Covid-19 foi um movimento mundial que
mobilizou muita pesquisa. Tudo chamou mais atenção e ficou muito mais
popularizado em termos de informação, o que gerou também mais insegurança. Mas
é importante entender que todas as vacinas têm riscos, e o mais relevante é
saber que, naquele momento, era mais importante se proteger contra um vírus que
estava matando milhares de pessoas.”
A orientação da especialista é clara: a
vacinação continua sendo uma medida essencial de saúde pública e os
possíveis efeitos adversos devem ser tratados com base em evidências, não em
medo ou desinformação.
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