O Brasil amanheceu mais burro. Morreu J.R. Guzzo. Um
infarto fulminante calou a voz mais lúcida do jornalismo nacional. Era um dos
poucos que escreviam o óbvio com coragem, sem medo de xingar canalhas nem de
ser elegante com a verdade.
Guzzo não era do grito. Era da elegância bruta.
Límpido, seco, cirúrgico. Preferia destruir canalhices com argumentos, não com
espuma na boca. Mas destruía.
Foi o comandante da Veja nos tempos em que a revista
ainda fazia jornalismo. Depois, ajudou a fundar a Oeste, onde escreveu até o
fim. Aos 82 anos, Guzzo era mais atual que muito jovenzinho progressista de
camiseta do Che e cabeça vazia.
Não teve diploma de lacração, não pendurou
bandeirinha em rede social e nunca pediu desculpas por pensar diferente. Por
isso mesmo foi odiado por militantes e reverenciado por leitores.
Guzzo morreu. E com ele vai embora um pedaço do que
restava de decência na imprensa brasileira. O resto é ativismo disfarçado,
lacração com crachá e covardia editorada.
Vai fazer falta. Porque verdade, hoje em dia, virou
artigo de luxo. E Guzzo era estoque infinito.
Descanse, mestre. E que os covardes tremam ao reler
o que você escreveu. Como vibrei com seus textos e como sempre quis ser o
senhor.
Blog do Gustavo Negreiros
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