O estresse do dia a dia pode desencadear uma série
de reações no corpo. Uma delas é a mioquimia palpebral, pequenos tremores
involuntários nas pálpebras que, apesar de inofensivos, costumam incomodar. O
quadro é considerado comum e tende a aparecer de forma repentina, geralmente
como resposta a momentos de tensão física ou emocional, entre outros fatores.
Mas, de acordo com o oftalmologista Oswaldo Ferreira
Moura Brasil, presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), é
necessário avaliar se o tremor acontece apenas nas pálpebras ou também dentro
dos olhos. Se for nos olhos, é uma situação mais preocupante e que precisa ser
investigada por um especialista.
“O tremor nos olhos, chamado de nistagmo, é uma
condição marcada por vários movimentos involuntários, que podem ser horizontais
ou verticais”, descreve o médico. “O quadro pode ocorrer de forma fisiológica,
quando a gente desvia o olhar rapidamente para ver um objeto que está passando,
mas também em associação com condições neurológicas ou congênitas, que impedem
o desenvolvimento adequado da visão”, descreve.
Já o tremor involuntário da pálpebra, a mioquimia
palpebral, é uma condição benigna que não é considerada grave. Ao eliminar os
motivos por trás do quadro, ele costuma ser revertido.
“Ele ocorre quando as fibras musculares das
pálpebras se contraem de forma involuntária e repetidamente. Não é dentro do
olho, mas na parte externa. Ou seja, os músculos acometidos são os que
controlam a abertura e o fechamento das pálpebras. Em especial, o músculo
obicular dos olhos”, ensina Ione Alexim, oftalmologista do Hospital Alemão
Oswaldo Cruz, na capital paulista.
De acordo com ela, os tremores costumam ser
passageiros: duram alguns segundos ou minutos. Eles podem ocorrer em um ou em
ambos os olhos e se resolvem sozinhos em horas ou dias, sem a necessidade do
uso de medicações.
“Se eles persistirem por semanas e vierem
acompanhados de outros sintomas, como queda da pálpebra, visão dupla, dor,
inchaço, vermelhidão ou fraqueza facial, ou se interferirem na visão, aí é
preciso fazer uma investigação mais detalhada”, pontua a oftalmologista.
“Também vale dar uma atenção maior, caso (o paciente) tenha um histórico de
doenças neurológicas ou oculares”, adiciona.
Estresse é uma das principais causas
Ainda de acordo com Ione, os tremores costumam estar
associados a fatores que irritam e sobrecarregam o sistema nervoso e os
músculos. O estresse é um dos principais causadores do quadro. Isso ocorre
porque o cortisol, hormônio liberado no organismo nesse contexto de tensão,
afeta o sistema nervoso e interfere no funcionamento muscular.
Sono inadequado, consumo elevado de cafeína, fadiga
ocular e uso excessivo de telas também podem gerar os espamos.
Para além de questões comportamentais, patologias
oculares, como olho seco e alergia ocular, podem estar por trás do quadro.
O que fazer diante dos tremores?
Logo após sentir o tremor, é recomendado piscar de
forma consciente por algum tempo para aumentar a lubrificação dos olhos. “Fazer
compressas mornas sobre a pálpebra por alguns minutos, descansar a visão,
afastar-se de telas e ficar com os olhos fechados por algum tempo são medidas
que ajudam a diminuir a frequência e até levar ao desaparecimento desses
tremores”, detalha Ione.
No longo prazo, a adoção de hábitos saudáveis pode
ajudar a prevenir o problema, como:
Dormir de sete a nove horas por noite
Fazer pausas regulares ao usar telas, especialmente
se você trabalha com computador e dispositivos eletrônicos
Hidratar-se bem, controlando o consumo de café, chá
preto e energéticos, isto é, bebidas com cafeína, um estimulante natural
Praticar atividades que ajudem no manejo do
estresse, como alongamentos, exercícios físicos regulares e respirações
profundas
Manter a lubrificação ocular adequada
Estadão
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