O Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento (FCNA),
que reúne associações ligadas às redes de supermercados, enviou um relatório ao
governo federal para alertar sobre os impactos do tarifaço dos Estados Unidos na
economia e no consumo, a partir do cenário atual de sobretaxas de 50% sobre o
Brasil.
Segundo o estudo enviado pelo grupo, se não houver
mudanças no médio prazo, a economia brasileira pode perder US$ 40,4 bilhões em
12 meses, o que significaria uma redução de 1,8 ponto percentual no PIB. De
acordo com o relatório, essa situação derrubaria o crescimento esperado para
2025, de 3,2%, para 1,3%.
Associações ligadas a redes de
supermercados apresentam lista de medidas ao governo
O estudo aponta que o setor mais exposto neste
momento é a indústria de transformação, que pode ter retração de até 5,6 pontos
percentuais no cenário mais grave, enquanto a agropecuária e a indústria
extrativa sofreriam menos por terem maior capacidade de redirecionar
commodities para outros mercados.
O documento também traça cenário de impactos
negativos sobre a arrecadação federal, com perdas de até 2% no curto prazo,
além de pressão sobre o emprego.
Sem medidas de fomento ao mercado interno,
projeta-se uma redução de 179 mil postos de trabalho no curtíssimo prazo (até
seis meses após a entrada em vigor da tarifa), até 287 mil postos no médio
prazo (18 a 36 meses).
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“O FCNA manifesta sua profunda preocupação com os
impactos econômicos e sociais potenciais, em especial sobre setores que lideram
as exportações brasileiras de alimentos, bebidas e insumos industriais, como
café, carnes, frutas e derivados agroindustriais”, afirma o documento, que foi
enviado na quinta-feira (8) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de
oito ministros.
Para enfrentar o choque, o Fórum das associações
propõe um conjunto de medidas para fortalecer o mercado interno. Entre elas,
menciona a necessidade de antecipar a vigência da cesta básica nacional de
alimentos com isenção tributária total.
O setor pede, ainda, “aceleração da redução da taxa
Selic e ampliação do crédito produtivo”, além de “desoneração e simplificação
das contratações formais, com foco nas pequenas e médias empresas”.
As demandas também incluem a criação de um programa
emergencial de apoio aos setores mais impactados, com refinanciamento de
passivos e compra pública de excedentes de produção, além de “medidas fiscais
estruturantes, com foco no equilíbrio orçamentário”.
Segundo o Fórum, se as ações forem adotadas de forma
coordenada, será possível neutralizar grande parte dos efeitos recessivos e de
perda de empregos provocados pelo tarifaço.
Apesar do cenário traçado pelo setor, a imposição de
tarifa de 50% feita por Donald Trump não causou uma mudança significativa nas
expectativas dos economistas ouvidos pelo Banco Central para os principais
índices da economia nacional.
O boletim Focus da segunda-feira (4) apresentou uma
queda na previsão para a inflação e manteve a perspectiva para o PIB (Produto
Interno Bruto), o dólar e a taxa de juros deste ano.
A expectativa para o IPCA (Índice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo) caiu pela décima semana seguida, indo de 5,09% para 5,07%.
Os analistas também reduziram o IPCA de 2026 para 4,43%, uma diminuição de 0,01
ponto percentual em relação à semana passada. Já a expectativa para 2027 e 2028
segue em 4% e 3,8%, respectivamente.
Com isso, o mercado manteve a expectativa que a
inflação fique no limite da meta no próximo ano. O objetivo é alcançar uma alta
de preços anual de 3%, com variação de 1,5% para cima ou para baixo.
Além da inflação, o outro índice que teve alteração
na comparação com o último boletim foi o PIB, que teve uma redução em 2026 (de
1,89% para 1,88%) e 2027 (de 2% para 1,95%). Neste ano, a perspectiva é que o
crescimento econômico seja de 2,23%, patamar mantido pela quarta semana
consecutiva.
O documento é endossado por 15 instituições:
Abras (Associação Brasileira de Supermercados), Abad
(Associação Brasileira dos Atacadistas e Distribuidores), Abag (Associação
Brasileira do Agronegócio), Abia (Associação Brasileira da Indústria de
Alimentos), Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), Abipla
(Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e
Saneantes), Abir (Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de
Bebidas Não Alcoólicas), ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal),
Abralatas (Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio), Abralog
(Associação Brasileira de Logística), Abramilho (Associação Brasileira dos
Produtores de Milho), Abre (Associação Brasileira de Embalagem), Andav
(Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários),
ANR (Associação Nacional de Restaurantes) e CropLife Brasil (Associação de
Pesquisa e Desenvolvimento de Soluções para a Produção Agrícola Sustentável).
Folhapress
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