Um novo estudo da Universidade de Pequim acendeu o
alerta para quem aposta nas chamadas “canetas emagrecedoras”, como Ozempic e
Wegovy. Segundo a pesquisa, publicada na revista BMC Medicine, o peso eliminado
durante o tratamento tende a retornar entre 8 e 20 semanas depois que o uso é
interrompido.
A análise reuniu dados de 11 estudos anteriores,
envolvendo mais de 2.400 pacientes, e confirmou o temido “efeito sanfona”.
Especialistas explicam que o fenômeno é resultado de uma reação natural do
corpo: ao perceber a redução de gordura, o organismo interpreta como uma ameaça
e aciona mecanismos para recuperar os quilos perdidos.
Ao interromper o medicamento, alguns pacientes podem
inclusive ultrapassar o peso que tinham antes do tratamento”, alerta a
endocrinologista Cynthia Valério, da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo
da Obesidade e da Síndrome Metabólica).
Apesar de resultados expressivos — com reduções de
até 15% do peso corporal, comparáveis aos obtidos em cirurgias bariátricas —,
especialistas defendem que o uso dos medicamentos deve estar inserido em um
plano de longo prazo. Isso inclui acompanhamento médico contínuo, dieta
equilibrada, exercícios físicos e estratégias para manutenção do peso.
Outros problemas:
As variações bruscas na balança não afetam apenas a
autoestima. Elas também elevam os riscos de problemas cardiovasculares, como
infarto e AVC. Para o endocrinologista Walmir Coutinho, assim como no
tratamento de doenças crônicas, a manutenção da medicação pode ser fundamental
para preservar os resultados.
Segundo Karin Conde Knape, vice-presidente da
farmacêutica Novo Nordisk, a semaglutida — substância presente em medicamentos
como Ozempic e Wegovy — “não altera o ponto de ajuste do corpo”, o que explica
o retorno gradual do peso. Estima-se que metade dos pacientes volte ao peso
original em um período de dois a cinco anos após suspender o uso.
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