sexta-feira, 8 de agosto de 2025

‘Pode se transformar em caos’, diz líder de grupo de países que sugeriu tirar COP-30 de Belém

 


A situação da Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-30) em Belém “pode se transformar em caos” se demorar a resposta para garantir hospedagem acessível aos participantes. Isso é o que Evans Njewa, presidente do LDC (sigla em inglês para Nações Menos Desenvolvidos), grupo que sugeriu tirar a conferência do Pará em carta na semana passada.

No documento, 29 delegações de países criticam os altos preços de hotéis e quartos de aluguel, além da dificuldade de hospedagens com condição adequada. O presidente da COP, embaixador André Corrêa do Lago, admitiu preços 15 vezes acima do que o normal.

Apesar das promessas de solução pelo Brasil, Njewa reclama, em entrevista ao Estadão, sobre não ter “todas as respostas” para o impasse. Os países terão reuniões com o Brasil para discutir a crise - a próxima deve ocorrer na segunda-feira, 11.

Procurada, a Secretaria Extraordinária da COP diz que o plano de acomodação está sendo implementado em fases - no primeiro momento, a oferta é de de 2,5 mil quartos com valores fixadas de US$ 100 a US$ 600.

O LDC representa 44 nações designadas pela ONU como menos desenvolvidas, a maioria delas do continente africano, mas também há países da Ásia, Caribe e ilhas do Pacífico. Njewa também é representante de meio ambiente e clima do governo do Malawi.

O custo elevado da viagem pode levar países - tanto ricos quanto pobres - a reduzir sua participação. A Áustria anunciou nessa semana que o presidente Alexander Van der Bellen não vai participar do evento climático.

Países pobres tiveram menor contribuição histórica para o aquecimento global, mas são os que mais sofrem com impactos da alta de temperatura, como eventos climáticos extremos. Por isso, a participação deles nas negociações é vista como essencial.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou a agenda ambiental como uma das prioridades de sua gestão e negociou para sediar a COP na Amazônia. Agora, porém, vê risco de vexame diante da crise logística.

Leia a entrevista na íntegra abaixo.

Se os preços de hospedagem para a COP em Belém forem mantidos, podem inviabilizar a participação dos países menos desenvolvidos?

Transmitimos nossas preocupações em relação aos desafios de hospedagem ao presidente designado da COP-30 (Corrêa do Lago) e recebemos garantias das autoridades brasileiras de melhores arranjos de hospedagem serão assegurados para os delegados dos Países Menos Desenvolvidos.

Confiamos que esses compromissos serão honrados integralmente, pois é crucial que nossos representantes não sejam excluídos das negociações devido a desafios logísticos ou de hospedagem. A participação plena e equitativa deve ser garantida.

Teremos algumas reuniões nas próximas semanas onde parte do feedback deles e outras questões se tornarão mais claras.

O que essa possível ausência na cúpula significaria para a primeira COP em um país em desenvolvimento em vários anos?

A maioria dos países menos desenvolvidos não tem capacidade financeira para cobrir os altos custos de hospedagem de suas delegações.

Parceiros de desenvolvimento (como ONGs e agências multilaterais) também têm restrições orçamentárias e não conseguem arcar com essas despesas. A situação atual coloca pressão excessiva em todos os lados e corre o risco de limitar a participação dos países menos desenvolvidos em negociações críticas.

Qual é o sentimento atual do grupo em relação a essa situação?

Estamos inundados com solicitações urgentes de nossos membros e grupos de jovens, todos buscando desesperadamente por apoio e orientação sobre como garantir hospedagem acessível. No momento, nós simplesmente não temos todas as respostas. Se a ação demorar, a situação pode se tornar em caos.

A perspectiva de muitos do nosso grupo sendo deixados de fora da COP-30 devido aos obstáculos logísticos seria não apenas lamentável—seria uma falha séria de inclusão e justiça.

Quais são as expectativas sobre o resultado da carta?

Que as nossas preocupações sejam tratadas.

Estadão

 

 

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