Com anos de carreira dedicados à cobertura
esportiva, o fotógrafo Alex Silva repercutiu nacionalmente após registrar o
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, realizando um
gesto obsceno em direção a torcedores no dia 30 de julho, durante a partida
entre Corinthians e Palmeiras, na Neo Química Arena. Ele foi demitido pelo
jornal O Estado de São Paulo uma semana após realizar a foto.
Em entrevista â 98 FM, o fotógrafo foi questionado
se seu desligamento da empresa teria sido motivado por alguma influência
interna do STF dentro do veículo de imprensa. Alex afirmou que não acredita
nessa possibilidade. Porém, pontuou que a decisão mostra fragilidade e abre
precedentes para dúvidas, considerando seu tempo de serviço, além de trabalhos
bem sucedidos no esporte e em outras coberturas da empresa.
“Não, eu não posso afirmar isso, porque isso a gente
nunca vai saber, se foi a gente não sabe, e nem vai saber, mas eu acredito que
não, porque (o jornal Estado de S. Paulo) é uma empresa sólida, é uma empresa
jornalística. Acho que não sei se chegaria a esse ponto, acho que não, tomara
que não. Fica um ponto de interrogação, porque você é demitido, depois você faz
um belo trabalho, e o jornal te demite, eu fiquei um pouco triste, bem triste,
porque são 23 anos de jornal, em só 23 dias”, disse.
A ausência de pressentes que justificassem a decisão,
segundo o fotógrafo, também se estendem ao ambiente de trabalho. Alex comentou
que não havia desgastes internos com membros do veículos. Ele comentou ainda,
contudo, que ficou incomodado com a falta de destaque devido ao registro.
“Só fiquei chateado porque a foto não foi com o
destaque que eu acho que deveria ter sido, e eu questionei um pouco com o
pessoal da redação. Eu não sei se isso agravou um pouco, se eles não gostaram,
mas não era motivo para eu ser demitido, então fiquei um pouco triste com como
foi a demissão. Não vi reclamação, porque senão o próprio editor vinha e me
falava, você tem que melhorar, isso não aconteceu em momento algum”, explicou.
Resposta
Por meio de nota, o jornal afirmou que “o encerramento do vínculo profissional
com o fotógrafo já estava planejado com antecedência e faz parte de uma redução
de quadros da editoria de Fotografia, seguindo critérios exclusivamente
administrativos”. Vale lembrar que aquela foi a primeira aparição de Moraes
após os EUA aplicarem a Lei Magnitsky contra o ministro.
A história da foto
Ele explicou que a equipe de fotógrafos se posicionou no meio do campo, já que
os camarotes laterais estavam lotados e apenas alguns da área central estavam
vazios.
Alex contou que ficou atento à movimentação, sem
perder o foco na câmera. Em determinado momento, ele passou a ouvir vaias. “Não
vi quem estava vaiando, mas pensei: vamos esperar para ver o que acontece.” Foi
então que o ministro, próximo do limite do camarote, começou a gesticular com a
mão. Em primeiro momento, Alex contou que Moraes parecia erguer o polegar.
Ao ver a foto, ele entendeu que Moraes fez um gesto
obsceno: “Depois, ao revisar a foto na câmera, percebi que era o dedo do meio,
bem explícito mesmo.”
Após tirar a foto, Alex enviou a foto para a equipe
do Estadão: “O pessoal falou que era um material muito bom. Eu até achei que o
jornal não ia dar tanta importância para a foto.”
Com informações de Portal da 98 FM
Nenhum comentário:
Postar um comentário