Os papéis da Petrobras apresentavam queda firme no
pregão desta sexta-feira, no dia seguinte à divulgação de seus resultados do
segundo trimestre. Às 15h45, o papel ordinário da companhia (PETR3, com voto)
caía 6,94%, aos R$ 33,14, enquanto o preferencial, mais negociado (PETR4, sem
voto), cedia 5,23% , aos R$ 30,83. Com o firme recuo, a empresa já havia
perdido cerca de R$ 27 bilhões em valor de mercado.
O dado não agradou aos investidores. A previsão da
XP, por exemplo, era de uma distribuição de cerca de R$ 12,1 bilhões.
O papel reage também ao aumento de despesas
operacionais a despeito dos preços mais baixos do barril do tipo Brent,
referência no mercado internacional de petróleo. A geração de caixa medida pelo
Ebitda (ganhos antes de juros, tributos, depreciação e amortização) no segundo
trimestre ficou em US$ 10,2 bilhões.
Para o BTG, a queda no Ebitda de 14% na comparação
anual e de 4% no trimestre refletiu os dois fatores, que foram “parcialmente
compensados pelo aumento da produção”. O banco de investimentos frisa que a
alavancagem aumentou, reduzindo a flexibilidade da empresa.
Os analistas do Citi também enxergaram o resultado
como abaixo do esperado, com o aumento do capex (investimentos realizados em
bens de capital pela empresa) apesar da diminuição do barril afetando o fluxo
de caixa livre e, consequentemente, a distribuição de dividendos.
Na visão da analista Monique Greco, do Itaú BBA, é
justamente o menor valor de dividendos anunciado, que é um fator importante
para os investidores aplicarem na empresa, que provoca a negatividade no papel
nesta sexta.
Desejo de volta ao gás também pressiona
De acordo com os analistas do Banco Safra, a volta à
distribuição de gás no próximo plano estratégico “pode levantar preocupações”
já que, segundo os analistas do banco, “tal movimento poderia abrir espaço para
interferências nos preços de venda, comprometendo os retornos”.
O banco frisa ainda que os investidores
possivelmente teriam um olhar mais cauteloso sobre a governança da empresa
diante desse movimento pretendido.
A estatal já esteve presente nesse segmento com a
Liquigás, empresa vendida para a Copagaz em 2021, durante o governo de Jair
Bolsonaro (2019-2022). Segundo fontes do setor, a investida da companhia atende
a um pedido de Lula, que por diversas vezes já reclamou do preço do botijão de
gás.
Ontem, o Conselho de Administração da Petrobras aprovou
a inclusão da volta ao segmento do GLP no Plano Estratégico da companhia e de
participação em negócios rentáveis no segmento de distribuição em geral.
O segmento inclui a venda de gasolina e diesel em
postos, algo que a Petrobras não faz mais desde que vendeu a BR, também na
gestão Bolsonaro. Há uma limitação contratual para que a Petrobras volte ao
setor até 2029.
Durante teleconferência realizada nesta sexta-feira
para explicar o resultado do segundo trimestre, a presidente Magda Chambriard
afirmou querer manter as “portas abertas” para vender combustíveis, como diesel
e gás, a empresas e ao consumidor final em postos.
O Globo
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