O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal
(STF), disse que a Corte “tem simpatizantes, pessoas que reconhecem o papel do
Tribunal, mas eles são silenciosos”. Por outro lado, segundo o ministro, os
“adversários são barulhentos”.
O ministro deu a declaração durante entrevista
publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo neste domingo, 22. Na ocasião,
Gilmar Mendes falou sobre os seus 23 anos de atuação na Suprema Corte.
Questionado sobre a rejeição da população à Corte, o
ministro disse que a sociedade reconhece o papel do STF, mas de forma silenciosa.
“Eu poderia estar contando a história da falência de
uma corte, como vi na Hungria ou Turquia, onde colegas foram defenestrados dos
tribunais”, afirmou. “Mas estou aqui contando a história de uma Corte que fez a
democracia sobreviver.”
Gilmar Mendes disse que a Corte viveu “momentos de
aplauso, como no mensalão, e de crítica, como na Lava Jato”, e que manteve “um
padrão civilizatório” durante a pandemia.
“Com o negacionismo do governo Bolsonaro, o tribunal
enfrentou isso”, disse. “Perdemos mais de 700 mil pessoas. Teríamos chegado a 1
milhão, talvez, sem a atuação do Tribunal.”
Gilmar Mendes diz se orgulhar da sua atuação na Lava
Jato
O ministro afirmou que o seu enfrentamento à
Operação Lava Jato é motivo de orgulho.
“Fui a primeira voz relevante que apontou que o rei
estava nu”, ressaltou. “E fui o voto decisivo na suspeição de Sergio Moro na
Segunda Turma. Houve muitas incompreensões. A mídia e a opinião pública
apoiavam a Lava Jato.”
Demonstrando indiferença às críticas, o ministro
citou a cantora Edith Piaf: “Non, je ne regrette rien – não tenho do que me
arrepender”.
Eleições 2026
Gilmar Mendes também disse que “ninguém teve dúvida
de quem ganhou [as eleições] em 2022” e que a “Justiça está preparada” para
cuidar da próxima eleição.
“Estamos mais prontos para evitar abusos e retirar
conteúdos falsos das redes”, afirmou.
Ministro nega censura em regulação das redes sociais
Ao falar sobre a regulação das redes sociais, Gilmar
Mendes disse que “o ideal seria que o Congresso tivesse conseguido se dedicar a
isso” e garantiu que o STF é contra a censura. Entretanto, afirmou que a Corte
precisa ser mais severa “com o que não pode ser veiculado”.
“Pedofilia e incentivo à violência não podem fazer
parte do repertório das redes”, disse.
Para Gilmar Mendes, a Inteligência Artificial pode
ajudar no controle do que pode ou não ser publicado, de acordo com o
entendimento do STF.
Revista Oeste
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