Histórico parceiro do Partido dos Trabalhadores
(PT), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) deixou de ser um
aliado estratégico e passou a figurar como fonte constante de desgaste político
para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Cobranças
públicas, invasões e críticas diretas ao Palácio do Planalto têm exposto a
fragilidade da articulação política do Executivo e o impasse em torno da pauta
agrária.
O mais recente capítulo dessa tensão envolve a
pressão aberta pela saída do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo
Teixeira. O MST acusa o titular da pasta de não cumprir promessas relativas a
assentamentos e de travar o andamento da reforma agrária. Na avaliação de
lideranças do movimento, o governo se perde em anúncios vazios e compromissos
não executados, aprofundando a insatisfação no campo.
Em declarações à imprensa e em manifestações como a
ocorrida na Câmara de Vereadores de Votuporanga (SP), a atuação do ministro vem
sendo criticada. Teixeira foi chamado de “ministro promessinha” por um coro de
militantes que participavam de uma audiência pública em maio. Além disso,
lideranças históricas do movimento têm afirmado que o ministro “fala sempre a mesma
coisa” e inventa “números que não são reais”.
Um dos líderes do movimento no Rio Grande do Sul,
Ildo Pereira afirmou que existe insatisfação diante de uma série de demandas
locais, estaduais e até nacionais. “Nós não estamos tão simpáticos a alguns anúncios
do governo para a reforma agrária”, disse Pereira à Gazeta do Povo.
Para o líder da oposição, deputado Luciano Zucco
(PL-RS), o governo do PT conseguiu a “proeza de transformar um antigo aliado em
problema”. “O MST hoje não está satisfeito com pouco, quer mais poder, mais
cargos e, agora, quer até escolher o ministro do Desenvolvimento Agrário”,
afirmou Zucco.
O ministro Paulo Teixeira, por sua vez, minimizou as
críticas. “Ao contrário de governos anteriores, respeitamos as manifestações.
As cobranças fazem parte da dinâmica dos movimentos sociais”, disse o ministro
por meio de nota enviada pela assessoria.
MST cobra promessas não cumpridas
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento
Agrário, desde 2023 para cá, já foram homologados cerca de 38 mil novos lotes
para famílias sem terra em todo o Brasil.
Os números do governo, no entanto, não atendem à
demanda apresentada pelo MST. No começo de maio, o MST reforçou o pedido de
assentamento prioritário de 65 mil famílias que estariam acampadas há mais de
20 anos. Ao todo, o movimento afirma que há 120 mil famílias à espera de
terras. Um pedido de R$ 1 bilhão no Orçamento para a reforma agrária também fez
parte das reivindicações. A estimativa do movimento é de que, com R$ 100
milhões, em média 4 mil famílias podem ser assentadas.
“Ainda não estamos satisfeitos com a proposta do MDA
[Ministério do Desenvolvimento Agrário] sobre o tema da obtenção de terra. O
MST está pressionando muito para que o governo se comprometa que ano que vem vá
assentar todas as famílias acampadas, são 65 mil”, disse o coordenador nacional
do movimento, João Paulo Rodrigues, em matéria publicada em novembro de 2024 na
página do MST.
Com informações de Gazeta do Povo
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