quarta-feira, 25 de junho de 2025

Brasil perdeu 94% da população de jumentos; segundo dados do Governo Lula, há risco de iminente de extinção

 


O Brasil perdeu 94% de sua população de jumentos nas últimas três décadas, segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), da FAO, IBGE e Agrostat. O rebanho, que somava 1,37 milhão de animais em 1999, caiu para cerca de 78 mil em 2025.

A maior parte da redução ocorreu entre 2018 e 2024, período em que 248 mil jumentos foram abatidos, especialmente na Bahia, onde estão os únicos três frigoríficos autorizados para essa atividade pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF).

A principal causa desse declínio é a demanda da indústria chinesa de ejiao, um suplemento produzido a partir do colágeno da pele dos jumentos e comercializado na Ásia como tônico revitalizante. O impacto da prática é classificado como severo, com o Brasil se aproximando da extinção da espécie no território nacional.

Diante do cenário alarmante, ocorre entre os dias 26 e 28 de junho, em Maceió (AL), o 3º Workshop Internacional – Jumentos do Brasil: Futuro Sustentável, promovido pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL) com apoio da ONG britânica The Donkey Sanctuary. O evento marcará o lançamento no país do relatório internacional “Stolen Donkeys, Stolen Futures”, além da campanha global Stop The Slaughter (“Parem o Abate”).

Atualmente, tramitam dois projetos de lei para proibir o abate de jumentos no Brasil: o PL nº 2.387/2022, em nível federal, e o PL nº 24.465/2022, na Assembleia Legislativa da Bahia. Ambos já passaram pela Comissão de Constituição e Justiça e aguardam votação em plenário.

“O jumento nordestino possui um perfil genético único, adaptado ao semiárido. Sua extinção seria uma perda irreparável para a biodiversidade e para comunidades rurais”, afirma Patrícia Tatemoto, coordenadora da campanha da The Donkey Sanctuary no Brasil. Ela defende alternativas sustentáveis como a reintegração dos jumentos à natureza, o uso na agricultura familiar ou a valorização como animais de companhia.

O agrônomo e doutor em economia aplicada pela USP, Roberto Arruda, propõe alternativas tecnológicas. “Já existem soluções como a fermentação de precisão, que permite produzir colágeno em laboratório sem explorar animais. É uma chance para o Brasil liderar um modelo mais ético e sustentável.”

O movimento brasileiro acompanha uma tendência global. Em 2023, a União Africana aprovou uma moratória contra o abate de jumentos para exportação, já adotada por países como Quênia, Nigéria e Tanzânia. A expectativa é de que a proibição se amplie por todo o continente africano.

“Não podemos seguir como elo frágil de uma cadeia internacional que lucra com a morte de um animal essencial para comunidades vulneráveis. O Brasil precisa alinhar sua legislação às boas práticas do Sul Global”, defende o professor da UFAL, Pierre Barnabé Escodro.

Com informações de Forbes Brasil

 

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