O Rio Grande do Norte, que figurou entre os
destaques do Nordeste em 2024 com um crescimento de 6,2% no Produto Interno
Bruto (PIB), deve perder posições no ranking regional em 2025. De acordo com a
Resenha Regional de Assessoramento Econômico do Banco do Brasil divulgada neste
mês, a economia potiguar deve registrar avanço de 1,8% no ano, desempenho
abaixo da média nacional e do Nordeste – ambas estimadas em 2,2% – e distante
de estados vizinhos como Paraíba (3,0%) e Piauí (3,7%).
Após surgir como vice-líder no Nordeste em 2024, o
desempenho geral previsto deixa o Rio Grande do Norte atrás de seis estados
nordestinos no ritmo de expansão econômica. No cenário nacional, aparece depois
de outros 19 estados e do Distrito Federal, se igualando ao crescimento do
Amazonas e ficando à frente apenas dos estados de Sergipe (1,7%), São Paulo
(1,7%), Rio de Janeiro (1,5%), Pernambuco (1,4%) e Rio Grande do Sul (1,2%). Em
nível nacional, o RN ocupou a 3ª posição em crescimento no ano passado.
O economista Ediran Teixeira destaca, no entanto,
que a projeção para o estado é compatível com a média nacional. “A previsão de
crescimento de 1,8% ainda é positiva. Está dentro do esperado para o Nordeste e
é do tamanho do crescimento para o Sudeste. A gente vê o crescimento no
Sudeste, principalmente no Espírito Santo e em Minas, abaixo de 2%. O grande
problema está concentrado no Sudeste, por causa da agropecuária impactada pelo
clima” explica.
O desempenho do Rio Grande do Norte, portanto,
aparece também inferior ao avanço esperado para regiões Sul (2,3%), Norte
(3,2%) e Centro-Oeste (3,9%), se igualando à do Sudeste (1,8%). Entre os
estados com maior expectativa de crescimento estão Mato Grosso (5,8%), Goiás
(4,2%) e Rondônia (4,7%), todos fortemente impactados pela supersafra agrícola
e pela cadeia do agronegócio. Já o Rio Grande do Sul, afetado por problemas
climáticos e revisão negativa da safra, deve registrar apenas 1,2% de
crescimento.
O economista Ediran Teixeira também alerta para a
natureza incerta das previsões e ressalta que as projeções para o estado em
2025 tendem a ser revistas. “Isso pode ser revisto ao longo do ano. As
previsões de PIB do Banco do Brasil para o Nordeste geralmente não se
concretizam. Quem geralmente faz boas previsões de crescimento do PIB é o Banco
Central e o IBGE, que são os órgãos que calculam realmente o PIB”, aponta.
A revisão de setembro de 2024 do banco apontava que
o RN cresceria 4,4% em 2024, mas o estado superou essa estimativa, com um
crescimento acima de 6%. Aquela edição da resenha se aproximou da média
nacional e regional, na casa dos 3%. Já na edição anterior a essa, em maio de
2024, era esperado que a economia do RN crescesse 2%, sem sequer aparecer entre
os 10 estados com melhor desempenho, cujos índices variavam de 4,7% (Paraíba) a
2,7% (São Paulo). Esses dois estados fecharam o ano, respectivamente, com
crescimento de 6,5% e 3,6%, enquanto o RN terminou em terceiro no ranking
nacional.
Cautela no PIB setorial
A projeção do BB indica uma desaceleração expressiva
na economia potiguar, puxada sobretudo pela estimativa de retração da
indústria, prevista para -0,6%. Em 2024, esse mesmo setor havia registrado um
crescimento de 8,4%, alavancado principalmente pela produção de derivados de
petróleo e biocombustíveis. Agora, a indústria do RN e a de Pernambuco são as
únicas do Nordeste que aparecem com expectativa de queda em 2025.
Segundo o levantamento, o setor agropecuário deve
avançar 0,9%, enquanto os serviços devem crescer 1,9%, abaixo dos 2,5%
previstos para a Paraíba e Piauí, por exemplo. Para o economista Ediran
Teixeira, é preciso cautela na projeção. Ele contesta especialmente a
estimativa de queda no setor industrial.
“Essa projeção para o ano do BB vai ser revista. Ao
contrário do que está previsto, o Rio Grande do Norte tem passado por um
processo de crescimento econômico bastante pujante. As obras estruturantes do
PAC e a recuperação de estradas do governo estadual devem trazer um crescimento
maior desse setor. Com certeza não vai ficar negativo para 2025” avalia.
Ediran também lembra que a previsão negativa precisa
ser relativizada pela base elevada de comparação. Em 2024 o PIB da indústria
teve um crescimento expressivo de 8,4%. “Então você tem uma base bem expressiva
para comparar. Se olhar o crescimento de 8,4% e o decréscimo de 0,6%, é uma
previsão de crescimento abaixo de 1%. Mas se eu olhar os dois anos juntos,
ainda tenho um saldo positivo do PIB da indústria no Rio Grande do Norte”,
analisa o economista.
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