O Rio Grande do Norte tem vivenciado um avanço no
número de pequenos negócios nos últimos anos. De acordo com dados da Receita
Federal reunidos pelo Sebrae-RN, o Estado passou de 173 mil empresas em 2020
para 250 mil em 2025, o que representa um crescimento de 44,5% no período. A
maior parte desse incremento está concentrada entre os Microempreendedores
Individuais (MEIs), que hoje somam 136.9 mil registros ativos (em 2020 eram
79.446). Para o Sebrae, esse movimento traduz a consolidação de uma cultura
empreendedora entre os potiguares.
Para Alinne Dantas, gerente da Unidade de Gestão
Estratégica do Sebrae-RN, esse movimento acompanha uma tendência nacional.
“Conforme aponta a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), que revelou
um aumento no interesse em empreender entre os brasileiros, em 2024, 49,8% das
pessoas que ainda não empreendem afirmaram ter a intenção de abrir um negócio
nos próximos três anos — número superior aos 48,7% de 2023 e bem acima dos
30,2% registrados em 2019, antes da pandemia”, explica a gerente.
Segundo ela, parte do crescimento também está
relacionada à necessidade de gerar renda diante da escassez de empregos
formais. “Esse crescimento também foi impulsionado pela intensificação da
necessidade de empreender, especialmente durante e após o período da pandemia.
Entre os principais motivadores destacados pela GEM estão o desejo de ‘fazer a
diferença no mundo’ (74,6%) e ‘ganhar a vida diante da escassez de empregos’
(73,9%)”, diz a gestora.
O aumento superior a 72% no número de MEIs
registrados nos últimos cinco anos no RN também é objeto de atenção por parte
do Sebrae. “O aumento no número de MEIs pode ser compreendido como um avanço na
formalização de negócios, muito em função de campanhas de incentivo à
regularização e dos benefícios associados à formalidade, como acesso à
Previdência Social, emissão de notas fiscais e linhas de crédito específicas.
Os dados da GEM indicam que a formalização avançou significativamente durante a
pandemia”, ressalta.
Alinne acrescenta, no entanto, que é preciso
considerar o contexto de fragilidade do mercado de trabalho. “Esse crescimento
também pode estar relacionado à precarização do mercado de trabalho, com muitos
optando pelo MEI como uma alternativa de sobrevivência econômica. O Sebrae,
nesse contexto, busca estimular um empreendedorismo sustentável, oferecendo
capacitações, acesso a crédito orientado, consultorias e ferramentas de gestão
que ajudem esses empreendedores a crescer, gerar renda estável e se consolidar
como pequenos negócios”, acrescenta.
Os dados levantados pelo Sebrae mostram que os
setores de serviços e comércio concentram quase 85% dos pequenos negócios no
RN, o que está alinhado com a estrutura econômica potiguar. “Segundo dados do
IBGE, o setor de serviços representou cerca de 72% do PIB do Rio Grande do
Norte em 2022, reforçando sua relevância na dinâmica econômica do estado”,
destaca Alinne Dantas. Os dados de 2024 reforçam essa tendência: foram 16.924
novos empregos formais gerados no setor de serviços no RN, dos quais 9.271
postos de trabalho foram criados por pequenos negócios.
A expectativa do Sebrae é que o crescimento dos
pequenos negócios continue, mas com uma base mais qualificada, apoiada por
políticas públicas, acesso a crédito e serviços de orientação. O desafio está
em transformar o empreendedorismo por necessidade em empreendedorismo de
oportunidade, promovendo maior estabilidade econômica e social no Rio Grande do
Norte. Para isso, a instituição pretende seguir reforçando suas estratégias de
gestão, inteligência de mercado e presença regionalizada.
Brasil: 1,4 milhão de pequenos negócios
no 1º trimestre
O Brasil bateu recorde na abertura de pequenos
negócios nos três primeiros meses deste ano, com mais de 1,4 milhão de
registros. Os microempreendedores individuais (MEIs) chegaram a 78% dos novos
Cadastros Nacionais da Pessoa Jurídica (CNPJs). Os dados são do Sebrae e
indicam, ainda, um aumento de 35% no número de MEIs em comparação com igual
período de 2024, além de um crescimento de 28% nas micro e pequenas empresas.
De acordo com a pesquisa, a expansão do empreendedorismo
formalizado vem acompanhada de medidas governamentais voltadas à simplificação,
incentivo, inovação e ampliação do acesso ao crédito para pequenos negócios. Em
março deste ano, o setor de serviços obteve o melhor desempenho, com 63,7% do total
de pequenos negócios abertos, seguido por comércio e indústria da
transformação.
Segundo o estudo, o país tem 47 milhões de pessoas à
frente de algum negócio, formal ou informal. Entre os fatores que justificam o
indicador está o aumento na Taxa de Empreendedores Estabelecidos, aqueles com
mais de três anos de operação, que saltou de 8,7%, em 2020, para 13,2% no ano
passado. Com o resultado de 2024, o Brasil avançou duas posições – da oitava
para a sexta – no ranking de países com a maior Taxa de Empreendedores
Estabelecidos, na frente de países como Reino Unido, Itália e Estados Unidos.
- Números
do RN
- Crescimento
total de empresas (2020–2025): de 173.255 para 250.594 (+44,65%);
- Crescimento
dos MEIs (2020–2025): de 79.446 para 136.934 (+72,38%);
- Crescimento
das MEs (2020–2025): de 88.447 para 97.987 (+10,78%);
- Crescimento
das EPPs (2020–2025): de 10.901 para 15.673 (+43,77%).
Tribuna do Norte

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