Ministra responsável pela articulação política do
governo, Gleisi Hoffmann passou a atuar nos bastidores em favor da candidatura
do ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva à presidência do PT. O objetivo
da titular da Secretaria de Relações Institucionais é reduzir o racha interno e
unificar a corrente majoritária do partido, a Construindo um Novo Brasil (CNB).
No ano passado, quando a pretensão de Edinho em
assumir o comando da legenda já circulava, Gleisi, que estava na presidência da
sigla, chegou a defender a escolha de alguém do Nordeste para sucedê-la.
Em março, um dia antes de deixar a presidência do PT
para assumir o cargo na Esplanada, a ministra fez uma reunião em seu
apartamento na qual dirigentes da CNB apresentaram ao presidente Luiz Inácio
Lula da Silva objeções ao nome de Edinho. Depois que a realização do encontro
vazou, Lula demonstrou irritação em conversas internas.
A mudança de postura de Gleisi ocorreu após a sua
nomeação à pasta. A ministra teve pelo menos duas reuniões com Edinho desde que
passou a despachar no Planalto. Edinho é o nome preferido de Lula, que, porém,
ainda não deu declarações públicas a seu favor. A eleição interna, com voto
direto de todos os filiados, está marcada para 6 de julho.
Aliados do ex-prefeito dizem que foi firmado um
acordo para que o presidente não se manifeste e Edinho possa, assim, construir
uma liderança interna sem a necessidade de intervenção do padrinho, o que
poderia enfraquecê-lo.
Quaquá entra no páreo
Até Gleisi virar ministra, em março, Edinho
enfrentava uma forte resistência ao seu nome dentro da CNB. Hoje, de forma
reservada, muitas lideranças que se opunham ao ex-prefeito admitem que será
impossível não declarar apoio ao nome preferido de Lula.
Na semana passada, porém, o prefeito de Maricá (RJ),
Washington Quaquá, que também faz parte da corrente majoritária, anunciou a sua
candidatura ao posto. Crítico de Edinho, Quaquá diz que o candidato de Lula
nunca sujou o pé de barro e não tem condições de unificar a legenda.
A estratégia de Gleisi, por ora, é amarrar a adesão
de outras lideranças da CNB a Edinho e deixar Quaquá isolado. Quando estava à
frente do PT, a ministra teve embates com o prefeito de Maricá. O prognóstico
no partido é que, com o voto direto, Quaquá, mesmo sem apoio de figuras
expressivas, possa ter uma quantidade de votos suficientes para provocar um
segundo turno. Neste ano, segundo levantamento da direção do PT, o Rio, onde o
prefeito de Maricá tem influência, foi o estado que mais ganhou filiados: 82
mil.
Além da união em torno de Edinho, Gleisi quer
pacificar a decisão sobre os demais cargos da executiva nacional na chapa. Há
uma disputa, principalmente, sobre a tesouraria. Nos bastidores, Edinho tem
afirmado que não quer a permanência da atual titular, Gleide Andrade, uma das
lideranças da CNB. Logo após assumir, em março, Gleisi disse que Gleide sofria
ataques anônimos e era alvo de misoginia.
“Trabalho para buscar unidade nesse campo
majoritário em torno da candidatura do Edinho. Isso não passa só pela figura do
candidato, mas por toda composição da direção partidária”, afirma Gleisi.
Presidente do PT de 2011 a 2017, Rui Falcão também
se lançou e tenta atrair o apoio de membros da corrente majoritária
descontentes com Edinho. Próximo a Lula, o deputado integra o grupo Novo Rumo e
tem o apoio de núcleos como a Democracia Socialista, o Avante e o Trabalho.
Também estão na disputa Romênio Pereira, da corrente Movimento PT, e Valter
Pomar, da Articulação de Esquerda.
O Globo

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