Fundada há mais de três décadas e com tentáculos que
extrapolam as fronteiras brasileiras, alcançando América Latina, Estados Unidos
e Europa, a maior facção criminosa do país agora tece, silenciosamente, teias
para tentar ter acesso a autoridades que ocupam os mais altos postos do Poder
Judiciário.
A notícia é da coluna Na Mira, do Metrópoles. Pelo
menos um integrante da cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) tentou, sem
sucesso, aproximar-se do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Kassio
Nunes Marques, por meio de emissários que voaram até Brasília e pleitearam
reuniões com o membro da mais alta Corte do país. Todos os detalhes da
investida fazem parte de uma minuciosa investigação do Grupo de Atuação
Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São
Paulo (MPSP).
Em 683 páginas recheadas de quebras telemáticas e imagens
extraídas de celulares apreendidos, o Procedimento Investigatório Criminal
(PIC) tocado pelo Gaeco revela como o faccionado Rodrigo Felício, o “Tiquinho”,
dribla todas as camadas de proteção da Penitenciária de Segurança Máxima
Presidente Venceslau II, no interior paulista.
Hábil, o criminoso consegue enviar cartas escritas à
mão que ultrapassam os muros da cadeia e chegam aos comparsas que estão nas
ruas. Em uma delas — o envio dos manuscritos contam com a ajuda da companheira
de Tiquinho, que faz as vezes de “pombo-correio” durante as visitas —, o
faccionado orienta a filha sobre como deveria conversar com o ministro Kássio
Nunes Marques.
A investigação mostra que, apesar dos diálogos, não
há elementos que apontem ter havido qualquer encontro entre o ministro e
pessoas ligadas a Tiquinho. Além de a reunião não ter ocorrido, Nunes Marques,
como relator, rejeitou seis pedidos feitos pela defesa do criminoso.

Nenhum comentário:
Postar um comentário