Mais de 30 filhotes de tartarugas morreram
atropelados na noite desta quinta-feira (24) na Avenida Litorânea, que fica na
beira da praia na Redinha, na Zona Norte de Natal.
De acordo com especialistas, os animais podem ter se desorientado por
conta do excesso de luz na área.
As tartarugas
encontradas mortas são da espécie tartaruga-de-pente, que está
ameaçada de extinção e tem no Rio Grande do Norte um cenário importante para
preservação.
"O mais preocupante é que essa
espécie dos filhotes, a tartaruga-de-pente, está criticamente ameaçada de
extinção, e o RN é o maior berçário do Atlântico Sul para essa espécie",
explicou a bióloga e mestre em Ciências Ambientais Isadora Barreto, do projeto
Tartarugas ao Mar.
Segundo o Centro de Estudos e Monitoramento Ambiental
(Cemam), a a tartaruga-de-pente utiliza o litoral do Rio Grande do Norte para
desova especialmente entre os meses de novembro e abril — "período que
marca a temporada reprodutiva, atualmente em fase final".
Os animais foram encontrados por um grupo de amigos
que voltavam da praia, por volta das 0h. Apenas um deles estava vivo, em uma
poça de água na pista, relataram.
"A gente estava vindo da praia e viu na pista
todas as tartarugas mortas, um monte. Juntamos todas e vimos que tinham 35
tartarugas mortas. E depois a gente achou uma delas viva, que devolvemos para a
praia", contou a dona de casa Lílian Beatriz Cardoso.
A bióloga Isadora Barreto, do projeto Tartarugas ao
Mar, pontuou que os filhotes têm ficado vulneráveis no litoral potiguar após o
nascimento, sofrendo com atropelamentos inclusive nas próprias praias.
"Infelizmente os filhotes que nascem aqui no
nosso litoral estão sujeitos a esse tipo de impacto, tanto nas praias, com o
trânsito de veículos 4x4, que é constante, quanto em áreas com casas e
iluminações próximas, que é o caso da Redinha, onde os postes estão próximos da
pista", pontuou.
Luz artificial pode ter causado
desorientação
A bióloga Isadora Barreto explicou que os filhotes
de tartaruga se orientam pela luz ou do horizonte para irem ao mar quando
nascem.
"O que acontece com as áreas
urbanizadas é que as luzes artificiais são bem mais fortes e levam os filhotes
a se desorientarem e irem em direção contrária ao mar. Ficando suscetíveis a
morte por desidratação, atropelamento ou ficarem presos em resíduos sólidos que
são deixados nas praias", explicou.
O Cemam reforçou que a principal causa de
desorientação dos filhotes é a "fotopoluição", ou seja, o excesso de
luz artificial nas áreas costeiras.
"Ao nascerem, as tartaruguinhas instintivamente
se orientam pela claridade do horizonte marinho. Em áreas urbanas e iluminadas,
elas acabam confundindo o caminho e se dirigem para o lado oposto do mar,
muitas vezes atravessando vias asfaltadas, o que aumenta significativamente o
risco de atropelamentos", explicou o Cemam.

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