O Ministério da Educação anunciou nesta quarta-feira
(23) uma avaliação anual para os concluintes de medicina, o Enamed (Exame
Nacional de Avaliação da Formação Médica). A primeira aplicação da prova deve
ocorrer já em outubro deste ano.
O exame terá a mesma matriz de referência do Enare
(Exame Nacional de Residência), que é feito pela Ebserh (Empresa Brasileira de
Serviços Hospitalares) para selecionar candidatos a vagas de residência médica
em todo o país. Ou seja, utiliza os mesmos critérios para pontuação e tenta
medir as mesmas habilidades e conhecimentos.
Assim, a nova avaliação tem como objetivo avaliar a
qualidade do ensino ofertado pelos cursos de medicina no país e também ajudar
na seleção de alunos para residências médicas.
A medida faz parte de um esforço do governo federal
para melhorar a qualidade da formação médica no país. Participaram do anúncio
os ministros Camilo Santana, da Educação, e Alexandre Padilha, da Saúde. Os
dois destacaram a preocupação com o ensino que é ofertado, sobretudo, em
faculdades privadas.
"O Enamed aponta para o que tem que ser
observado, que são as instituições de ensino. Não é o aluno o responsável pela
sua formação, mas a instituição. Isso é ainda mais importante no nosso país, em
que a maioria das matrículas de medicina são pagas, senão a gente vai continuar
tendo instituições faturando sem ofertar uma boa formação médica", disse
Padilha.
Camilo já havia demonstrado preocupação com a
qualidade dos cursos de medicina em faculdades particulares. Segundo ele, os
resultados do Enamed vão subsidiar uma comissão, formada por conselhos médicos
e de educação, a estabelecer novas estratégias de regulação dessas graduações.
A prova será aplicada anualmente a todos os
concluintes de medicina. A expectativa é de que já neste ano ela seja feita por
42 mil estudantes. Outros médicos já formados também podem fazer a prova para
tentar uma vaga de residência pelo Enare.
Atualmente, os cursos de medicina só são avaliados a
cada três anos no país pelo Enade, em uma prova com 40 questões —sendo dez com
conteúdos de formação geral e 30 de conhecimentos específicos.
O Enamed terá 100 questões objetivas de múltipla
escolha e vai abranger todas as áreas previstas nos currículos dos cursos de
medicina, que são: clínica geral; cirurgia geral; ginecologia e obstetrícia;
pediatria; medicina da família e comunidade; saúde mental; e saúde coletiva.
Qualidade do ensino médico
Resultados do último Enade, aplicado, em 2023,
mostraram que 27,3% dos cursos de faculdades particulares têm notas
consideradas baixas. Nas universidades públicas, esse índice foi de 6%.
Foram avaliados 31 mil concluintes de 309 cursos de
medicina de todas as regiões do país. Desses, 190 são de instituições privadas
de ensino e 52 ficaram com conceito Enade 1 e 2. Esse patamar é considerado
inadequado e pode acarretar ações de regulação nesses cursos.
Na outra ponta de desempenho, apenas 4,7% dos cursos
privados de medicina, ou seja, nove deles, alcançaram a nota 5, a máxima.
Além disso, 82 cursos privados obtiveram a nota 3,
que é considerada regular.
Na rede pública, foram avaliados 119 cursos e 7
obtiveram o conceito Enade 1 e 2 —dois deles são de universidades federais,
dois de universidades estaduais e três são municipais. A nota máxima foi obtida
por 35 cursos de instituições públicas. E a nota 3, regular, foi obtida por 21
delas.
Folha de São Paulo

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