Café, bacalhau, picanha e azeite passaram a ser
protegidos com grades, lacres e etiquetas antifurto em supermercados de São
Paulo. O café foi o produto que teve maior alta no acumulado de 12 meses no
último levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A reportagem da Folha visitou
15 supermercados nas zonas sul, oeste e central da capital paulista, nos dias
11 e 14 de abril, e observou o fenômeno antifurto em unidades das redes
Carrefour, Extra e Pão de Açúcar.
O Mini Extra do largo do Arouche e uma unidade do
Carrefour Express no bairro da Saúde guardavam embalagens de café popular atrás
de grades na prateleira —mas não as marcas mais caras ou as versões de cápsula.
Os funcionários de ambas as lojas disseram que medida era para evitar furtos.
“Só hoje de manhã, duas pessoas já tentaram furtar
os sacos de café. É muito constrangedor, porque a gente precisa parar e abordar
os clientes”, disse um funcionário.
A rede Carrefour informou que a prática é comum para
produtos de alto valor, e que o café se encaixaria nesta categoria. “É uma
regra do varejo, nós só seguimos o mercado”, diz.
O Grupo Pão de Açúcar, dono das redes de
supermercados Pão de Açúcar, Extra e Assaí Atacadista, não respondeu à Folha
até a publicação desta reportagem.
A mais recente pesquisa Datafolha mostrou que quase
metade dos brasileiros reduziram o consumo do café devido à inflação. Produto
teve alta de 8,14% nos preços de fevereiro a março e de 77,78% no acumulado de
12 meses, segundo o IBGE.
Um promotor de merchandising da marca Pilão disse à
Folha que, em uma das unidades do Extra no Grajaú, foram roubadas 300 unidades
de café da marca, e que por isso o supermercado adotou os lacres antifurto.
“Uma época, não estavam nem abastecendo alguns
supermercados, porque quanto mais abasteciam, mais roubavam. Pilão é mais fácil
de roubar porque não é a vácuo e faz menos volume, é mais fininho, mais fácil
de esconder.”
A JDE Peet’s, empresa dona das marcas de café Pilão,
Caboclo, Damasco, Café Pelé e Café do Ponto, diz que as decisões relacionadas à
exposição e comercialização dos produtos em loja são de responsabilidade
exclusiva dos varejistas, e que não tem acesso a qualquer informação relativa
aos índices de roubo nas redes varejistas.
Outros itens também têm sido alvos de proteção. Em
duas unidades do Pão de Açúcar na zona sul, bacalhau, picanha, azeite e bebidas
alcoólicas estavam com lacres. Um Mini Extra da região vendia azeites e bebidas
em locais fechados perto dos caixas. Já em redes como Dia, Hirota Food e Oxxo,
nenhuma proteção foi observada.
“Tem que lacrar mesmo, porque tem muito furto e está
muito caro. Não é porque o mercado é mais elitizado, é em qualquer mercado que
está caro”, diz o empresário Giovani Ribeiro, 32, que comprava picanha lacrada
na unidade da Chácara Klabin. “Café está valendo mais que ouro agora.”
Em uma unidade do Pão de Açúcar em Perdizes, na zona
oeste, o café não estava com lacre, mas uma funcionária relatou que a loja
vinha enfrentando furtos do produto. “Comprei três pacotes de café e já foi o
valor todo da minha compra”, comentou uma consumidora para um repositor. No
caso do azeite, apenas as marcas em promoção —posicionadas próximos aos caixas—
estavam expostas sem proteção.
Folha de SP

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