O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) e
a Polícia Civil potiguar deflagraram na manhã desta terça-feira (12) a Operação
Na Rota. A ação cumpriu 63 ordens judiciais contra integrantes de uma
organização criminosa envolvida com tráfico interestadual de drogas, porte
ilegal de arma e lavagem de dinheiro decorrente do tráfico no RN e ainda nos
estados do Rio de Janeiro, Amazonas e Alagoas.
Em um dos alvos, na Vila de Ponta Negra, zona Sul de
Natal, houve apreensão de armas, munições e aparelhos de telefonia
celular. Entre as armas localizadas, estão um fuzil calibre 556, uma
espingarda calibre 12 e pistolas. Em outro alvo, no bairro do Alecrim, foram
apreendidos mais de R$ 102 mil; 3.227,00 dólares; 925 euros; e ainda 20 libras.
As investigações são do Grupo de Atuação
Especial de Combate ao Crime Organizado do MPRN (Gaeco) e da Delegacia
Especializada em Narcóticos (Denarc). A operação contou com o apoio da
Polícia Militar do Rio Grande do Norte, da Polícia Civil do Amazonas (DRCO), e
ainda dos Gaecos dos Ministérios Públicos do Rio de Janeiro e de Alagoas.
Irmãos atuavam em Ponta Negra e drogas
eram enterradas nas dunas
A investigação conduzida pelo MPRN e pela Denarc
revelou a existência de uma organização criminosa atuante na Vila de
Ponta Negra, na zona Sul de Natal, liderada por dois irmãos. Foi apurado
que essa organização adquire toneladas de entorpecentes de fornecedores da
região Norte do País, especificamente do Estado do Amazonas, e fornece drogas a
diversos traficantes do RN.
A organização criminosa opera em cinco núcleos
distintos: gerencial, operacional, negocial, contábil e financeiro, e
varejista.
Para tentar evitar a apreensão das drogas pelos
agentes de segurança pública potiguar, a organização criminosa
enterrava as drogas nas dunas da região de Ponta Negra, aproveitando-se da
geografia do local, sob vigilância armada de integrantes do grupo.
No final de 2022 e começo de 2023, grandes
apreensões realizadas pelas Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas
(Rocam), da Polícia Militar, subsidiaram inquéritos da Denarc e o Procedimento
Investigatório Criminal do MPRN para investigar a organização criminosa,
tráfico de drogas e lavagem de capitais na Vila de Ponta Negra.
Movimentação financeira do grupo e
lavagem
A investigação revelou ainda que, em menos de dois
anos, integrantes do grupo criminoso movimentaram, pelo menos, R$ 16,9
milhões, remetendo valores oriundos do tráfico de drogas para pessoas
físicas e empresas localizadas, principalmente, nos Estados do Amazonas
e do Rio de Janeiro vinculadas aos fornecedores de entorpecentes do
grupo criminoso.
Foi constatado também que três empresas
beneficiadas dos valores eram empresas de fachada, constituídas apenas para
dissimular valores oriundos do tráfico de drogas. Essas empresas movimentaram
mais de R$ 386,1 milhões, entre créditos e débitos, em apenas 22 meses. Uma só
empresa, localizada no município amazonense de Tabatinga, na fronteira com
Colômbia e com o Peru, recebeu em suas contas, pelo menos, R$ 170,2 milhões
oriundos do tráfico de drogas.
Cumprimento de mandados
Para desmantelar esta organização criminosa, foram
cumpridos 48 mandados de busca e apreensão, 11 mandados de prisão preventiva,
quatro mandados para uso de tornozeleira eletrônica nos Estados do Rio
Grande do Norte, Amazonas, Rio de Janeiro e Alagoas.
Uma mulher investigada, que tem origem estrangeira,
está proibida de deixar o País. As ordens judiciais foram expedidas pela
Unidade Judiciária de Delitos de Organizações Criminosas (Ujudocrim).
A pedido do MPRN, a Justiça potiguar
determinou ainda o bloqueio de contas bancárias e a indisponibilidade de bens,
veículos e imóveis dos investigados.
Ao todo, participaram nacionalmente do cumprimento
dos mandados 9 Promotores de Justiça, 22 servidores do Ministério Público, 16
delegados de Polícia Civil, 114 agentes de Polícia Civil e 50 policiais
militares. Todo o material apreendido será analisado pelo MPRN e pela Polícia
Civil.
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