O uso de tecnologia e de inovação está ajudando a
elevar o Rio Grande do Norte à condição de referência na cajucultura nacional.
Em plena curva de expansão no quesito produtividade, o estado desponta como
exemplo bem-sucedido da aplicação do conceito de produção tecnificada. Os bons
resultados já atraem cajucultores de diversas regiões produtoras no Brasil, que
buscam replicar iniciativas potiguares exitosas e elevar o nível da cajucultura
em seus territórios.
Essa condição de referência ficou evidente no
Seminário da Cajucultura, que integra a segunda edição do Caju Conecta,
realizado pela Embrapa Agroindústria Tropical, com o apoio do Sebrae no Rio
Grande do Norte, nesta quarta-feira (30), no auditório da Universidade Federal
Rural do Semi-Árido (Ufersa), em Mossoró.
Segundo o chefe-geral da Embrapa Agroindústria
Tropical, Gustavo Saavedra, a participação no evento de especialistas e
produtores dos estados da Paraíba, Piauí, Ceará, Bahia e Roraima demonstra a
relevância que a cajucultura potiguar alcançou nos últimos anos. Conforme o
pesquisador, o setor no RN é um “farol” para o desenvolvimento do segmento no
país.
“O Rio Grande do Norte vem se tornando esse farol,
mostrando que a cajucultura tem grande potencial. A constatação está em outras
regiões potiguares, como Porto do Mangue, Serra do Mel e São Miguel do Gostoso,
e em outros estados, começando a copiar as experiências exitosas registradas em
alguns municípios. E é justamente essa cajucultura mais pujante que queremos.
Esse é o propósito: mostrando que, se estruturar a cadeia produtiva com
tecnologia, ela dá lucro”, assevera Saavedra.
Os bons resultados citados pelo chefe-geral da
Embrapa Agroindústria Tropical são frutos de iniciativas que envolvem
incorporação de tecnologia, especialmente a clonal, que substitui cajueiros
gigantes por clones anões precoces, mais resistentes e produtivos. Mas vai
além, com implantação de técnicas adequadas de manejo, poda, controle
fitossanitário e nutrição dos pomares.
“Esses resultados envolvem todo um pacote
tecnológico, que é agregado ao sistema produtivo do clone, pois não basta
substituir o plantel de árvores antigas e gigantes pelo clone de cajueiro anão
precoce. É necessário assistência técnica qualificada, e o entendimento de que
o fortalecimento da cadeia produtiva é possível, a partir do uso de elementos
tecnológicos que a Embrapa e parceiros oferecem”, orienta.
Referência
E é justamente o uso desse pacote tecnológico que
tem elevado o Rio Grande do Norte a um patamar de destaque no quesito
produtividade dentro do setor da cajucultura. Em 2023, o estado alcançou
produtividade acima da média no Nordeste. Enquanto, na região, a produtividade
média chegou a 290 quilos de amêndoa por hectare, o RN registrou média de 550
quilos por hectare.
De acordo com Franco Marinho, gestor de Fruticultura
do Sebrae RN, a tendência é de que os índices registrados no estado sigam
ascendentes. Para isso, além de chuvas mais regulares registradas nesse ano e
suporte tecnológico da Embrapa, ele enfatiza a atuação decisiva de iniciativas
do Sebrae estadual, seja na revitalização de pomares ou orientação técnica,
contribuirão sobremaneira para o bom desempenho da cajucultura estadual.
“Em todo o estado, são mais de 650 produtores
atendidos pelo Sebrae, num trabalho que segue durante todo o ano e, certamente,
contribuirá fortemente para que a cajucultura potiguar siga crescendo e se
tornando referência. Associado a isso, o apoio a eventos como o Caju Conecta,
que aproxima o produtor do conhecimento e boas iniciativas, fortalece o setor e
mostra que a cajucultura pode, sim, ser viável e sustentável”, pontua.
O Rio Grande do Norte ocupa o terceiro lugar no
ranking nacional, ficando atrás apenas dos estados do Ceará (1º) e Piauí (2º).
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Rio
Grande do Norte produziu, em 2023, pouco mais de 32 mil toneladas de castanha
de caju. O volume representa um quarto da produção nacional, que foi de 127 mil
toneladas no ano.
O Caju Conecta segue até hoje (31). Além do
Seminário da Cajucultura, o evento também contou com visitas técnicas aos
municípios potiguares de Apodi e Severiano Melo (dia 29), detentores de farta
produção de caju, e seguirá nesta quinta-feira para Serra do Mel (dia 31), em
visita à Cooperativa de Beneficiamento Artesanal de Castanha de Caju do Rio
Grande do Norte (Coopercaju).
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