Foto: Cedida
O mutirão de cirurgias de catarata que terminou com
15 pacientes infectados por uma bactéria – sendo que 9 precisaram retirar o
globo ocular – reuniu moradores de Parelhas, cidade a 245 quilômetros de Natal,
que tinham, em comum, o desejo de enxergar melhor após o diagnóstico da
catarata.
Muitos dos pacientes viviam situações parecidas ao
esperarem na rede pública uma oportunidade de realizar a cirurgia após o
diagnóstico da doença em anos anteriores.
Ao todo, 48 pacientes foram atendidos no mutirão
realizado pela prefeitura da cidade nos dias 27 e 28 de setembro na Maternidade
Dr. Graciliano Lordão. Das 20 pessoas operadas no primeiro dia, 15 apresentaram
endoftalmite, uma infecção ocular causada pela bactéria Enterobacter cloacae.
O g1 reuniu relatos de alguns desses pacientes
infectados – uns que permaneciam em tratamento, outros que tiveram o globo
ocular retirado – e de parentes que também buscam justiça no caso.
Segundo a prefeitura de Parelhas, os pacientes
infectados são oito homens e sete mulheres que tem entre 43 a 80 anos de idade.
Veja relatos de pacientes
A costureira Vitória Dantas, de 49 anos, sofreu a infecção da bactéria durante
a cirurgia e precisou passar por um procedimento chamado de vitrectomia, que
consiste em substituir um gel que fica dentro do olho. Ela, no entanto, não
precisou retirar o globo ocular – mas teme que isso ainda seja necessário, uma
vez que ficou sem enxergar pelo olho infectado.
“Muita tristeza, porque eu fui na esperança de
enxergar, não sei se eu vou enxergar. É triste, porque eu trabalhava, fazia
minhas atividades físicas, que eu gosto, que ocupava minha mente. E hoje eu
estou dentro de casa, sem poder fazer nada disso”, disse.
O filho mais velho dela, Maurício Dantas, disse que “o medo de perder o olho
ainda está presente” no dia a dia da mãe. Ele se mudou de Natal, onde fazia
faculdade, para ajudar a mãe em Parelhas nesse momento.
Iara Medeiros, filha da paciente Luzia Medeiros,
contou que o momento mais difícil após a infecção foi quando a família foi
informada sobre a necessidade da retirada do globo ocular.
“A gente foi na esperança de enxergar e, de repente,
você ter a certeza de que você não vai mais enxergar”, lamentou Iara Medeiros.
A filha da paciente Maria Ernesto, Silvania Alves, contou que a mãe recebeu a
recomendação para fazer a cirurgia de catarata há cerca de dois anos, após uma
consulta, e estava esperançosa.
“E aí ela ficou esperando na fila para ser chamada. Hoje ela está sem o olho e
enxergando só pelo olho esquerdo”, disse Silvania Alves.
Blog do BG
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