O Rio Grande do Norte está prestes a se tornar
pioneiro no Brasil e referência na América Latina, ao oferecer infraestrutura
dedicada a pesquisas que enfocam o uso de recirculação química, com “captura de
CO2”, para a geração de energia limpa. O anúncio foi feito pelo Instituto Senai
de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), que receberá uma planta piloto
para a realização de experimentos. A unidade de Recriação Quimíca (URQ) para
Biomassa, como é oficialmente chamada, está em fase de preparação na Europa,
com a expectativa de ser despachada para o RN no início do próximo ano. A
expectativa é alavancar projetos na área para que soluções pensadas e
desenvolvidas nos laboratórios cheguem à indústria.
De acordo com o diretor regional do Senai-RN e do
Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis, Rodrigo Mello, esse
processo é fruto de uma rota tecnológica que vem sendo desenvolvida ao longo de
mais de duas décadas. Essa abordagem foca na produção de energia a partir de
fontes de biocarbonos, que são provenientes de produtos agrícolas ou pecuários,
com a perspectiva positiva de criar novas oportunidades de emprego e renda no
Rio Grande do Norte.
“Energia renovável deve ter sido, nos últimos dez
anos, a atividade que mais gerou negócios e postos de trabalho no Rio Grande do
Norte, especialmente, a partir das fontes eólica e solar. E muito está por vir,
em um tempo médio ou a longo prazo e, certamente, as fontes renováveis que
sejam tratadas para aproveitamento de outras formas de energia, como térmica ou
geração de combustíveis avançados, evoluirão muito aqui no estado e terão
ótimas oportunidades de gerar bons empregos”, ressaltou.
Inicialmente, o Senai concentra-se na qualificação e
no desenvolvimento de conhecimento para os profissionais envolvidos na
pesquisa. Posteriormente, à medida que a tecnologia amadurece, está prevista a
sua aplicação no ambiente industrial, com processo a ser conduzido de forma
orgânica pelo Senai.
“Estamos em um momento de qualificação e
desenvolvido de conhecimento no pessoal envolvido na pesquisa e, que isso será,
oportunamente, quando da maturação da tecnologia, aplicada no ambiente
Industrial, isso será feito naturalmente pelo SENAI. Faremos a qualificação de
acordo com a necessidade do Parque Industrial a ser instalado”., explicou. E
completou: “Então, isso é um processo natural de instalação de uma cadeia
econômica industrial, que acontece a longo do tempo, em que o Senai busca dar
essa resposta. Foi assim no gás, na energia renovável, na confecção e na
indústria de alimentos. E assim será na perspectiva de instalação desse novo
Parque Industrial no RN”, concluiu.
Em Natal, o Senai opera outra Unidade de
Recirculação Química desde 2014, uma infraestrutura pioneira na América Latina.
Nesse local, projetos conduzidos pelo ISI envolvendo combustíveis gasosos e
líquidos, como gás natural, biogás, etanol e glicerina, têm progredido nos
últimos anos. Esses avanços servem como base, destacando-se no desenvolvimento
atual de um combustível sustentável para aviação, cujo objetivo é reduzir as
emissões de CO2 no transporte aéreo brasileiro.
Rodrigo Mello explicou que o Senai já trabalha
durante algum tempo, com pioneirismo no Brasil, a produção de combustíveis ou
de energia a partir de fontes gasosas, como o biogás, que é a mais comum delas,
ou fontes líquidas desse biocarbono. “Agora, recentemente, inauguramos um
laboratório para a produção de querosene de aviação a partir da glicerina
líquida.Mas, nos faltava, nessa linha de recirculação química, trabalhar com
fontes sólidas, como cascas de madeira e bagaços de cana. E este projeto prevê
a instalação, aqui em nosso centro, de uma planta para trabalhar com
matéria-prima sólida, como fonte de biocarbono, para a produção de energia,
biocombustíveis ou combustíveis avançados e com a perspectiva de produção com a
retenção e armazenamento do CO2”, ressaltou.
A recirculação química representa uma tecnologia que
viabiliza a “captura de CO2”, caracterizada pela retenção desse gás em vez de
sua emissão prejudicial à atmosfera, especialmente em processos de reforma e
combustão de combustíveis fósseis. No contexto da escala TRL (Technology
Readiness Levels), que varia de 1 a 9 para avaliar o quão avançados estão
produtos ou processos em seu desenvolvimento para o mercado, essa tecnologia
atualmente se encontra no nível 6.

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