Alunos da Escola Estadual Monsenhor Alfredo Pegado,
no bairro de Mãe Luiza, na Zona Leste de Natal,
estão sem aulas no local desde março de 2020. Eles aguardam uma reforma
estrutural no prédio, que teve início na primeira semana de agosto. Segundo
funcionários da escola, cerca de 500 estudantes estão prejudicados com
a suspensão das atividades educacionais no espaço.
Fundada em 1964, a mais antiga escola do bairro
está em processo de reforma desde o ano de 2017. Naquele momento, foi
estabelecido contato com o Governo do Estado e também com o Ministério Público
estadual, com o objetivo de provocar os órgãos para melhorias estruturais no
ambiente educacional.
Em nota, sobre a demora questionada pelos servidores
da escola, a Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do
Lazer (SEEC) explicou que "para o início da obra foi necessário fazer uma
limpeza do terreno e a extração de algumas plantas. Como exigência do projeto,
uma empresa teve que ser contratada. Esse processo passou pelo rito público,
que demora um pouco".
Segundo Leonardo Sinedino, funcionário e ex-diretor,
os pedidos se arrastaram até a pandemia, quando a promotora da educação
Isabelita Garcia esteve no local e sugeriu à SEEC que a escola fosse
desativada.
“Ficamos com a impressão que essa era a vontade do
governo, já que atendeu de bate-pronto. Nos posicionamos contra, também
aconteceu um movimento entre os moradores do bairro, e conseguimos manter a
escola” afirmou Leonardo.
Ainda de acordo com o servidor, após o movimento, a
secretaria estadual se comprometeu, ainda em 2021, em não desativar e reformar
a unidade, mas a promessa não se concretizou.
Em razão do tempo para o início das obras, a promotoria
da educação ajuizou o caso e promoveu uma audiência entre as partes. Com a
deliberação do encontro com o juiz, que aconteceu no dia 10 de maio deste ano,
o Governo tinha 15 dias para iniciar a obra - até o dia 25 de maio.
“Não passou de uma promessa. Como todos os outros
prazos, o Governo descumpriu mais esse. A obra começou apenas no início deste
mês de agosto”, explicou Leonardo.
Além do início tardio, o servidor da escola também
reclama sobre o projeto da obra que está em vigor. Segundo ele, pelo pedido
inicial de reforma, a intenção era que a obra deveria começar pelo muro
externo, que atualmente está bastante curvado e com chances de cair.
“Fizemos uma série de sugestões para a obra, mas a
secretaria não acatou nenhuma. Algumas coisas que estavam no projeto, como
espaço de leitura, reforma da quadra, não vão sair do papel”, ressaltou o
ex-diretor.
Segundo a SEEC, "todo o projeto foi discutido
com a comunidade. Todas as alterações também. Será uma grande obra, orçada em
R$ 1 milhão".
Educação prejudicada
Com a escola desativada há três anos e cinco meses -
desde março de 2020, segundo o servidor da escola, cerca de 500 alunos estão
sendo prejudicados sem aulas no local.
A escola oferece turmas do 1º ao 5º ano do ensino
fundamental, para alunos dos 6 aos 12 anos. “Essa fase é crítica de
aprendizagem, é justamente neste momento que se desenvolve a leitura e a
escrita das crianças", disse Leonardo.
Atualmente a unidade conta com 150 alunos
matriculados, que estão assistindo aula em um espaço cedido pela Escola
Estadual Professor Severino Bezerra de Melo, também no bairro de Mãe Luiza.
“Os moradores daqui são prejudicados duas vezes, uma
escola com capacidade para 500 alunos que está sem funcionar, e outra que deixa
de trabalhar com toda sua capacidade para ceder espaço a outra escola”,
completou.
Sobre a condição dos alunos prejudicados, a SEEC
afirma que "os estudantes foram remanejados para outras escolas nas
proximidades".
Espaço para a comunidade
Após a desativação das atividades educacionais na
escola, a diretoria passou a ceder o espaço em favor da comunidade. Foram
ofertados cursos preparatórios para o ENEM e para o Instituto Federal do Rio
Grande do Norte (IFRN) aos sábados e atividades da igreja.
Para os jovens e adolescentes do bairro, a escola
também abriu espaço para projetos sociais esportivos e culturais. Aconteciam
aulas de capoeira, jiu-jitsu e teatro, mesmo com a escola fechada.
Embora a obra tenha sido iniciada com mais de dois
meses de atraso e esteja em andamento, a preocupação dos servidores da escola
no momento tem sido com os furtos de materiais que tem acontecido do local.
"Estamos querendo voltar ao trabalho, temos
muitos projetos para desenvolver na escola, temo que, diante de tantos
problemas, meus colegas comecem a pedir remoção e aí não vai ter quem abra mais
a unidade", declarou o ex-diretor.
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