Em um levantamento realizado pelo Fundo das Nações
Unidas para a Infância (Unicef), mostra que, ao longo dos últimos anos, houve
uma queda na cobertura vacinal, tanto para crianças quanto para adultos no
Brasil. Entre 2019 e 2021, o número de pessoas vacinadas contra sarampo,
caxumba e rubéola (Tríplice Viral D1) caiu de 93,1% para 71,49% no país. Além
da tríplice viral, a cobertura da vacinação contra poliomielite também teve
declínio de 84,2%, em 2019, para 67,7% no ano passado. O levantamento é baseado
nos dados disponibilizados pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) do
Ministério da Saúde, e preocupam especialistas.
Por conta dos números, a médica pediatra e
professora do Idomed, Sandra Coenga, alerta que a baixa cobertura vacinal no
país deixa as crianças expostas a doenças graves, como sarampo e meningites,
que podem ser evitadas por vacinas. “O sarampo já voltou a aparecer em áreas
onde essa cobertura estava baixa. Assim vai ser com meningites, varicela,
caxumba e tantas outras. Uma boa cobertura vacinal para conferir proteção tem
que estar em torno de 90% ou mais”, informa a pediatra.
Segundo a médica, para evitar o reaparecimento
destas doenças, o cumprimento do calendário vacinal é fundamental,
principalmente na primeira infância. Com a imunização, é possível que o
organismo produza anticorpos para doenças como pneumonias, difteria, tétano,
meningites, paralisia infantil, diarreia por rotavírus – que pode levar à morte
por desidratação grave; febre amarela, sarampo, caxumba, coqueluche, varicela,
hepatite A e B.
“Na primeira infância, é muito importante que as
crianças recebam todas as vacinas que previnem doenças para que elas construam
suas próprias defesas e produzam os anticorpos necessários”, afirma Sandra
Coenga.
Vacinação para adultos
O médico infectologista e professor do Idomed,
Cláudio Querido Fortes, explica que, com a queda no número de crianças
vacinadas, é mais improvável que se alcance uma imunidade de rebanho para
algumas infecções, como sarampo, varicela, difteria, coqueluche, entre outras.
“Isso aumenta as chances de ocorrerem surtos, o que
colocaria em risco os adultos que não se vacinaram na infância ou que não
fizeram os reforços recomendados na vida adulta. Vale lembrar que essas viroses
comuns da infância, quando ocorrem nos adultos, habitualmente, são bem mais
graves”, explica Fortes.
O professor do Idomed informa que algumas vacinas,
como a contra a hepatite B, poliomielite, sarampo, varicela e caxumba,
aplicadas na infância, conferem uma imunidade muito duradoura. “Se o indivíduo
completou a vacinação na infância, estará menos suscetível a se infectar
durante a vida adulta”, completa.
Mas, apesar de estar muito relacionada à infância, a
vacinação não é só para crianças. O médico infectologista explica quais são as
vacinas que os adultos devem receber nesta etapa da vida e em qual época elas
devem ser aplicadas.
“Nós temos três situações distintas: uma em que o
adulto tem que fazer os reforços das vacinas que não conferem imunidade
duradoura, como é o caso da difteria e do tétano; outra situação em relação aos
vírus que se modificam anualmente ou, até mesmo, com intervalos menores, como o
caso da gripe e, agora, o SARCOV-2. E a terceira situação, que se relaciona com
a imunosenescência, ou seja, os adultos idosos se tornam mais vulneráveis a
desenvolver doenças como pneumonia”, esclarece.
O infectologista ainda recorda das vacinas para
doenças reemergentes, como no caso da febre amarela silvestre em áreas que não
eram de risco anteriormente, e as infecções emergentes, como SARCOV-2 e a
varíola do macaco.
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