Grávidas que precisam de cesariana e pacientes que
necessitam de cirurgias ginecológicas não estão conseguindo realizar os
procedimentos na Maternidade Divino Amor, que fica no município de Parnamirim,
na Grande Natal. Isso
porque a unidade de saúde municipal está sem anestesiologistas.
De acordo com a secretaria municipal de Saúde, o
contrato com a cooperativa médica que disponibiliza os profissionais para
completar as escalas venceu no último dia 13 de junho. Dessa forma,
há a necessidade de concluir um novo processo licitatório.
Em nota, a pasta informou que "o novo processo
licitatório já se encontra em fase final para posterior assinatura de contrato
com a empresa vencedora do certame" e que "com isso, os procedimentos
na Maternidade do Divino Amor que dependam do ato anestésico, como as
cesarianas, estão sendo encaminhados para maternidades próximas, garantindo a
assistência às nossas gestantes".
A Inter TV Cabugi entrou em contato
com o município para saber quando será concluído a nova licitação, mas não
recebeu resposta até a atualização mais recente dessa reportagem.
Todas as grávidas, portanto, que precisam realizar
cesarianas na maternidade municipal estão sendo transferidas para outras
cidades, onde há anestesiologistas que garantam o procedimento.
Foi o caso da esposa do motorista Elias Santos, que
precisou ir para Ceará-Mirim para poder realizar o parto, já que a maternidade
Divino Amor não possuía anestesiologistas. Os dois moram em Parnamirim.
"Ter que se afastar 50 quilometros de
Parnamirim porque em parnamirim não tem anestesista. Cadê os impostos que nós
pagamos ao município? Se chegar uma grávida com uma cesárea de emergência, o
que é que faz?", reclama o motorista.
O município informou ainda que a escala com os
obstetras e pediatras está preenchida, "e que estamos acolhendo todas as
pacientes e prontamente tomando as providências com as situações que por
ventura precisem ser reguladas para outro serviço".
Atraso nas cirurgias eletivas
Os pacientes relatam que o problema se une a outro
que já existia há mais tempo: a dificuldade de realizar cirurgias
ginecológicas agendas por causa de uma fila de espera grande.
Joelma está na fila para fazer uma histerectomia na
rede pública de Parnamirim há dois anos, tempo que relata que sofre com
sangramentos diários.
"Eu perco sangue diariamente, eu não aguento
mais. Sangra muito mesmo", lamenta a artesã Joelma Gomes.
Karenina espera a mesma cirurgia - autorizada há um
mês -, mas a falta de anestesista tem adiado o procedimento. Segundo ela, o
médico pediu a cirurgia porque desconfia de um câncer de ovário. "São 18
dias sangrando direto, sinto fraqueza, tontura, chego a desmaiar. Perdi
qualidade de vida", diz.
Por causa da fila e do grande tempo de espera,
pacientes têm recorrido à Justiça. Esse foi o caso de Ivanize da Cruz, que só
conseguiu passar nesta semana por uma histerectomia que esperava desde o inicio
do ano.
"A cirurgia estava marcada para o dia 20, no
entanto, não tinha anestesista. Só vim fazer a cirurgia no dia 22. Já estou
livre do problema. No entanto ainda existem 2 mil mulheres nessa fila",
lamenta.
Audiência
A demora para a realização de cirurgias eletivas em
parnamirim foi o tema de uma convocação realizada na Câmara de Vereadores da
cidade no mês passado. Segundo um levantamento feito pelos parlamentares, a
fila é de mais de 2 mil pessoas atualmente - algumas aguardando desde 2017. Os
vereadores cobram que o município realize um mutirão de cirurgias.
"No dia da audiência pública foi dito que já
estava sendo feito um acordo entre o governo do Estado e Parnamirim e que para
adiantar ia ter 200 cirurgias através do governo. E a situação só piorou",
disse a vereadora Fativan Alves.
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