No que diz respeito a emprego, Natal apresenta a
segunda maior taxa de pretos e pardos subutilizados entre as capitais
nordestinas, com 31%, ficando atrás apenas de Recife, que tem 32%. Se for
levada em consideração também a região Norte, a capital potiguar tem a terceira
maior taxa, com Belém (32,4%) à frente, além da capital pernambucana.
Entre todas as regiões, o Nordeste tem a maior
proporção de pretos e pardos subutilizados: 37,5%. A média do Brasil é menor,
de 29%. Os dados são de um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) divulgado nesta quarta-feira (13).
De acordo com o IBGE, a força de trabalho subutilizada
é composta por três grupos:
- Pessoas
subocupadas (quem trabalhava menos de 40 horas semanais; quem gostaria de
trabalhar mais horas que as habitualmente trabalhadas; e quem estava disponível
para trabalhar mais horas);
- Desocupadas
(sem trabalho formal ou informal, mas que procuravam ocupação);
- Pessoas
na força de trabalho potencial (quem procurou emprego, mas
excepcionalmente não estava disponível para trabalhar na semana de
referência da pesquisa).
Representação política
Embora 64% da população do Rio Grande do Norte se
autodeclare preta ou parda, os seus representantes na Câmara Federal são todos
brancos. Segundo o mesmo levantamento do IBGE, além do estado potiguar, apenas
o Rio Grande do Sul tem todos os deputados federais brancos, onde 78% da
população se autodeclara branca.
Ainda de acordo com o estudo, nas eleições anteriores,
em 2014, dos oito deputados federais eleitos pelos potiguares, apenas um
autodeclarou-se preto ou pardo. Naquele ano, Sergipe e o Distrito Federal,
também com oito representantes na Câmara dos Deputados, estavam na mesma
situação. Apenas Paraná tinha uma sub-representação mais acentuada: um deputado
federal preto ou pardo de 20 vagas, 3,3% do total.
Segundo o IBGE, a ausência de deputados federais
pretos ou pardos eleitos não ocorreu por falta de candidatos em 2018. Dos 121
concorrentes ao cargo no RN, 49 autodeclaram-se pretos ou pardos, 40,5% do
total.
Por outro lado, o levantamento mostra que as
candidaturas para a bancada federal potiguar em 2018 de pessoas pretas ou
pardas somadas é 4,5 vezes menor que as de candidatos de etnia branca. Pretos e
pardos juntos totalizam receita de R$ 4.094.000 no Rio Grande do Norte.
Enquanto isso, as candidaturas de pessoas brancas dispuseram de R$ 18.276.000
de receita declarada à Justiça Eleitoral.
Na classe dos que arrecadaram R$ 1 milhão ou mais,
estão 13% das candidaturas brancas à Câmara Federal. O RN tem a quinta maior
proporção do Norte e Nordeste.
Somente 2,6% das candidaturas de pretos ou
pardos estão nessa classe no Rio Grande do Norte, a terceira menor proporção
entre estados do Norte e Nordeste.
Legislativo estadual
Na Assembleia Legislativa, nove dos 24 parlamentares
autodeclararam-se preto ou pardo à justiça eleitoral potiguar. Isso representa
37,5% do total. “Os dados evidenciam a subrepresentação desse grupo
populacional, uma vez que 64% dos norte-rio-grandenses são pretos ou pardos. Em
2014, apenas dois deputados estaduais autodeclararam-se pretos ou pardos,
8,3%”, diz o IBGE no levantamento.
Em 2018, quando analisadas as candidaturas, os pretos
ou pardos representaram 45,2%. Foram 149 candidatos dessas etnias do total de
330. “Ainda assim, esse número representa a menor proporção do Norte e Nordeste
entre as casas legislativas estaduais”, reforça o Instituto.
Prefeitos e vereadores
Dos 167 prefeitos de municípios norte-rio-grandenses,
32% são pretos ou pardos. Nos legislativos municipais, os 1.640 vereadores das
167 cidades se aproximam mais da proporção de cor ou raça da população em
geral, visto que 42% das cadeiras são ocupadas por pretos ou pardos.
Para realizar o estudo do tema representação política,
o IBGE utilizou dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre as eleições de
2018, 2016 e 2014.
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