O Rio Grande do Norte deverá ser o estado mais
favorecido pelo protocolo
assinado entre os governos do Brasil e da China, para exportação do
melão brasileiro durante a cúpula do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul). A reunião ocorre em Brasília. De acordo com os produtores do
estado, que é o maior exportador do produto no país, a expectativa é dobrar as
áreas de produção e gerar emprego nos próximos anos.
"Isso significa a abertura do maior mercado do
mundo para o nosso melão. Claro que teremos desafios, como a distância e as
variedades de melão que eles consomem, mas a nossa expectativa é pelo menos
dobrar a área de produção e criar cerca de 10 mil empregos", afirmou Luiz
Roberto Barcelos, presidente da Associação Brasileira dos Produtores
Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) e diretor da Agrícola Famosa,
maior exportadora de melão do país.
De acordo com ele, já nos próximos anos, o estado
deverá passar dos atuais 20 mil para 40 mil hectares de produção. Porém, os
produtores não sabem se a abertura já vai valer para a safra atual - que
normalmente começa em setembro e vai até o início do ano seguinte.
"Nós questionamos o Ministério da Agricultura da
China para saber se já poderemos exportar, apenas com a assinatura do
protocolo, ou se eles ainda precisarão fazer uma visita técnica. Nossa ideia é
mandar amostras", pontuou.
Barcelos lembra que a China é um dos maiores
produtores de melão do mundo, com cerca de 430 mil hectares. Porém, as
oportunidades para os produtores internacionais se abrem no período de inverno
do hemisfério norte, quando a produção é suspensa, e a do hemisfério sul está
em alta. A ideia inicial dos brasileiros é atingir pelo menos uma pequena fatia
desse mercado.
De acordo com o produtor, o principal melão consumido
pelo país asiático é o Ramy, que não é cultivado em terras potiguares. A ideia
é fazer testes com esse tipo de produto, para saber se a produção e exportação
dele é viável. De toda forma, os chineses também serão apresentados a novos
sabores e aromas de melão.
Balança comercial
De janeiro a outubro de 2019, o Brasil exportou 161,7
mil toneladas de melão, que representaram US$ 103,4 milhões. O volume
representa crescimento de 29% em relação ao mesmo período de 2018, sendo que os
principais mercados são a Holanda (38%), Reino Unido (30%) e Espanha (23%).
Quase 75% do melão fresco exportado pelo Brasil é do Rio Grande do Norte -
responsável pela comercialização de US$ 77,32 milhões, nesse período.
Barcelos considera que o estado é beneficiado por
condições ambientais e climáticas que favorecem a produção do melão. Atualmente,
ele explica, metade da produção local é exportada. Com a chegada do mercado
chinês, a proporção da exportação deverá se tornar maior, passando a ser dois
terços.
Acordo
Em contrapartida à abertura do mercado chinês para o
melão, os chineses poderão vender pera para o mercado brasileiro. Os protocolos
sanitários foram firmados após reunião bilateral entre os presidentes Jair
Bolsonaro e Xi Jinping, dentro da XI Cúpula do Brics, em Brasília. No encontro,
foi firmado também plano de ação para colaboração agrícola, que prevê
transferência de tecnologia, inovação, atração de investimentos e promoção
comercial entre os dois países.
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