A perícia feita pelo Instituto Técnico Científico de
Perícia (Itep) no corpo do torcedor do Botafogo da Paraíba que morreu no último
sábado (11) após dar entrada em um hospital municipal de Ceará-Mirim, na Grande
Natal, constatou a ruptura do coração e uma hemorragia. Estes seriam os fatores
que teriam provocado a morte de Eduardo Feliciano Justino da Silva, de 27 anos,
segundo o diretor do órgão e perito criminal, Marcos Brandão.
"O laudo ainda não foi concluído, mas já podemos
afirmar que a morte foi provocada pela ruptura do músculo cardíaco e a
hemorragia. As lesões falam por si só. Existem outras escoriações, mas essas
foram as principais", afirmou o diretor.
Questionado o que poderia causar essas lesões, o
perito apontou que teria sido o uso de "instrumentos contundentes",
não determinados pelo exame, contra o corpo da vítima. "Pode ser soco,
chute, impacto no cimento, ou no asfalto, um cassetete, qualquer objeto cuja
energia provocada pelo impacto em uma área provoque lesões", explicou.
Ainda são aguardados os exames toxicológico e de
dosagem alcoólica, que, segundo o diretor serão importantes para fundamentar o
laudo, podendo delinear a circunstância em que a morte aconteceu e uma possível
mudança de conduta da vítima, provocada por drogas e ou álcool. Ele acredita
que os exames devem ser concluídos em 10 dias.
Torcedor morreu no sábado
O
torcedor do Botafogo da Paraíba morreu após dar entrada no Hospital Municipal
Dr. Percílio Alves, em Ceará-Mirim, região metropolitana de Natal, por
volta das 20h02 do sábado (11). Segundo a família, o homem foi espancado por policiais
militares após pular o muro do estádio Barretão. A corporação afirmou que
deverá se pronunciar oficialmente sobre o caso após a investigação que será
feita pela Polícia Civil. O
velório do torcedor começou no domingo, no bairro do Geisel, em João Pessoa,
onde morava e o sepultamento deve acontecer nesta segunda-feira (12).
De acordo com a guia de solicitação de exame
cadavérico assinado pela equipe médica do hospital, o homem de 27 anos tinha
marcas de contusão no tórax e no rosto, além de intoxicação alcoólica e
indícios de uso de drogas ilícitas.
O auxiliar de serralheiro Eduardo Feliciano Justino da
Silva é natural de João Pessoa e veio ao Rio Grande do Norte numa caravana de
torcida organizada para o jogo contra o Globo FC, pela Série C do Campeonato
Brasileiro de futebol, marcado para 19h15 deste sábado (11) no estádio. A
partida acabou com vitória do time paraibano por 3 a 0.
Porém o rapaz sequer chegou a assistir ao jogo, porque
precisou de atendimento médico. Ele deu entrada no hospital, de acordo com a
guia confirmada pelo serviço social da unidade, apresentando rebaixamento de
nível de consciência. Apesar das tentativas de socorro, ele não resistiu e
morreu.
Segundo a família, o homem foi espancado por policiais
militares depois de ter pulado o muro do estádio. "Os colegas disseram que
ele pulou o muro com outros meninos.
Quando ele voltou, deu de cara com um
grupo de policiais. Bateram até ele desmaiar, deram jato de spray de pimenta.
Não precisavam ter feito isso. Tem um hematoma muito feio no olho e outro no
tórax", afirmou o irmão de Eduardo, o pintor de automóveis Marcelo
Feliciano, de 39 anos, que veio a Natal com outros irmãos para liberar o corpo.
De acordo com ele, a família quer uma investigação rápida sobre o caso.
A Polícia Militar informou que a princípio não houve
registro de confronto entre torcidas, nem entre torcedores e policiais, apenas
"manobras de contenção", para manter a ordem. De acordo com a
assessoria de imprensa da PM, o caso da vítima foi registrado e será
investigado pela Polícia Civil. Só após isso a corporação deverá se manifestar
oficialmente.
Em nota, o Botafogo lamentou o falecimento do torcedor.
"Botafogo Futebol Clube vem a público manifestar consternação pelo
falecimento do torcedor Eduardo Feliciano em Ceará-Mirim. Nossos sentimentos
aos familiares e amigos".
Torcedores
do Botafogo-PB registraram queixa na Central de Polícia de João Pessoa
denunciando que foram agredidos pela Polícia Militar do Rio Grande do Norte antes
da partida. De acordo com os boletins de ocorrência, os torcedores paraibanos
informaram que foram vítimas de repressão policial sem ter envolvimento com a
tentativa de entrar sem pagar no estádio Manoel Dantas Barreto, conhecido como
Barretão, local da partida.
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