Em Altamira, no Pará, município que lidera o número de
incêndios e desmatamentos no Brasil, o Distrito de Cachoeira da Serra, um dos
polos agrícolas mais disputados pelos agricultores, ainda repercute a maior queimada
da história do Pará, que aconteceu no dia 10 de agosto. Essa data vai ficar
lembrada para sempre por aqui como o “Dia do Fogo”.
Já se sabe que mais de 70 pessoas – de Altamira e Novo
Progresso — entre sindicalistas, produtores rurais, comerciantes e grileiros,
combinaram através de um grupo de whatsApp incendiar as margens da BR-163,
rodovia que liga essa região do Pará aos portos fluviais do Rio Tapajós e ao
Estado de Mato Grosso. A intenção deles era mostrar ao presidente Jair
Bolsonaro que apoiam suas ideias de “afrouxar” a fiscalização do Ibama e quem
sabe conseguir o perdão das multas pelas infrações cometidas ao Meio Ambiente.
A pedido do Ministério Público de Novo Progresso, o
Delegado Daniel Mattos Pereira, da Polícia Civil, já ouviu algumas pessoas
ligadas ao “Dia do Fogo”, até agora ninguém foi preso.
As delegacias dos municípios de Castelo dos Sonhos e
Novo Progresso receberam inúmeras denúncias de produtores rurais que se dizem
prejudicados pelas queimadas.
Muitos perderam cercas, pastagens, lavouras e animais,
tudo devorado pelo fogo.
Depois que a denúncia do “Dia do Fogo” veio a público,
uma nova versão circula por toda a região. A pecuarista Nair Brizola, de
Cachoeira da Serra, faz eco a uma história que ouvimos em toda parte. Ela nos procurou
quando circulava pela estrada da “Bucha”, onde nossa equipe documentava uma
queimada.
–“Vocês são do meio ambiente?”, gritou ela de dentro
de sua caminhonete.
-“Não. Somos jornalistas.”
– “Que ótimo. Que ótimo,“ diz em seguida.
– “Quem está colocando fogo por aqui?”, pergunto a ela
– “É o ICMBio [a sigla se refere ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade]. Tinha uma moto preta colocando fogo em tudo aqui. E eles foram na minha propriedade com essa moto amarrada em cima da caminhonete deles. Tava escrito lá na porta”
-“Não. Somos jornalistas.”
– “Que ótimo. Que ótimo,“ diz em seguida.
– “Quem está colocando fogo por aqui?”, pergunto a ela
– “É o ICMBio [a sigla se refere ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade]. Tinha uma moto preta colocando fogo em tudo aqui. E eles foram na minha propriedade com essa moto amarrada em cima da caminhonete deles. Tava escrito lá na porta”
Sem saber que nossa conversa estava sendo gravada,
dona Nair continua:
– “Esse povo, se eles veem você, eles já vêm armado,
já manda você parar, já toma seu celular. Você não pode fazer nada. As
caminhonetes que eles andam fazendo esse terror todo, está escrito ICMbio. O
presidente Bolsonaro tá certo quando diz que essas Ongs estão botando fogo,”
completa ela.
– “Mas, ele andou falando também que pode ser os fazendeiros”, interrogo.
-“Não vou dizer que um ou outro não está fazendo isso, mas esse fogo que colocaram ai na beira da estrada, não é dos fazendeiros.”
– “Mas, ele andou falando também que pode ser os fazendeiros”, interrogo.
-“Não vou dizer que um ou outro não está fazendo isso, mas esse fogo que colocaram ai na beira da estrada, não é dos fazendeiros.”
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