ESTADÃO CONTEÚDO
O Mercosul e a Associação Europeia de Livre-Comércio
(EFTA, na sigla em inglês) – formada por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein –
fecharam nesta sexta-feira, 23, em Buenos Aires, um acordo de livre-comércio.
Integrantes da equipe econômica consideram que o tratado é mais abrangente
e ambicioso do que o firmado com a União
Europeia no fim de junho.
Do ponto de vista político, o fim das negociações com
países europeus trouxe uma conquista para o presidente Jair
Bolsonaro em meio à troca de farpas com alguns líderes do bloco.
O secretário especial de Comércio Exterior do
Ministério da Economia, Marcos Troyjo, disse que as negociações para o acordo
entre o Mercosul e a EFTA foram
“bastante abrangentes” e envolvem desde redução de tarifas a facilitação de
serviços e investimentos. Uma nota com os detalhes do acordo deve ser divulgada
neste sábado pelo Itamaraty.
“É mais um passo decisivo no processo de inserção
econômica internacional do Brasil e de abertura comercial. Isso não apenas
expande os nossos mercados de destino como ajuda na recepção de investimentos
de qualidade”, afirmou Troyjo.
De acordo com o secretário, o Brasil será beneficiado,
principalmente, com o acesso privilegiado a exportações de carne bovina,
frango, milho, café, frutas e suco de frutas para os países do bloco.
Para o secretário de Comércio Exterior do Ministério
da Economia, Lucas Ferraz, o acordo firmado entre o Mercosul e a EFTA é “mais
ambicioso” do que o assinado em julho com a União Europeia. O acordo cobre 98%
do comércio bilateral e envolve bens agrícolas e industriais, serviços,
investimentos, compras governamentais, facilitação de comércio e barreiras
regulatórias.
O compromisso é que o EFTA zere imediatamente as
tarifas de importação cobradas hoje de produtos exportados pelo Mercosul para a
região. Já o bloco sulamericano vai levar 15 anos para chegar às tarifas zero,
sendo 85% das taxas retiradas nos primeiros 10 anos.
Produtos como café, frutas e soja terão tarifas zeradas
imediatamente. Para alguns produtos, foram estabelecidas cotas para exportação
sem tarifas, que serão adicionadas aos volumes vendidos hoje. No caso da carne
bovina, a cota adicional será de 25,5 mil toneladas. Para frango, será de 78
mil toneladas e, para milho, de 77 mil toneladas.
Conclusão
As negociações com o EFTA começaram em janeiro de 2017
e chegaram a uma conclusão na décima rodada de negociações, em Buenos Aires, na
sexta-feira. Ferraz ressaltou que a região do EFTA tem o maior PIB per capita do
mundo e tem um PIB conjunto de US$ 1,1 trilhão, duas vezes o PIB da Argentina,
que é um dos principais parceiros do Brasil.
A corrente de comércio do Brasil com o EFTA foi de US$
8,5 bilhões, entre bens e serviços. As principais exportações brasileiras para
o bloco são produtos químicos, ouro, soja, café e aviões, enquanto as compras
são de farmacêuticos, químicos e máquinas e equipamentos.
O Mercosul continua negociando outros
acordos com diferentes países. Os processos de negociação mais avançados envolvem
a Coreia do Sul, Cingapura e Canadá. Ontem, o presidente Donald Trump saiu em
defesa do presidente Jair Bolsonaro e disse que está animado com as
perspectivas de futuros acordos entre eles.
Do lado político, Bolsonaro celebrou o resultado nas
redes sociais. “Mais uma grande vitória de nossa diplomacia de abertura
comercial”, escreveu no Twitter.
Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou
que o acordo é “um passo importante na estratégia de abertura comercial do
Brasil e na maior inserção internacional da indústria”. Também destacou que as
exportações brasileiras para os países do EFTA estão no menor nível da última
década e que o acordo deve “reverter esse cenário”.
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