Uma ferramenta usada por peritos considerada um
"banco de DNA" das balas usadas em crimes ajudou a descobrir o
envolvimento de dois grupos criminosos em homicídios em série nos estados do
Paraná e do Rio Grande do Norte. A reportagem é do G1.
Criado para identificar e mapear as “digitais”
deixadas por armas de fogo em cenas de crime, o Sistema Nacional de Análise
Balística (Sinab) permite que delegados e policiais civis reúnam provas,
conectem investigações e acelerem a identificação de suspeitos.
Com ajuda do "banco de DNA" das balas, a
polícia conseguiu comprovar a existência de:
um serial killer que atua em grupo no Paraná;
uma milícia, formada por policiais e outros agentes
de segurança, no Rio Grande do Norte.
Milícia no Rio Grande do Norte
Outro grupo criminoso teve sua participação em
assassinatos interligados pelo Sinab identificada em Natal e em municípios da
Região Metropolitana da capital potiguar.
Ao todo, 46 homicídios investigados entre setembro
de 2022 e maio de 2025 foram conectados graças às consultas ao banco de “DNA
das balas”. As ranhuras encontradas em projéteis e cápsulas recolhidos em uma
cena do crime corresponderam exatamente às de materiais balísticos de outras
ocorrências.
Todos os casos estão associados a uma milícia formada
por policiais e outros agentes de segurança que, segundo a Polícia Civil do RN,
utilizavam armas de calibres 9 mm, .40, .45, .380, entre outros — todas
mapeadas e interligadas pelo sistema balístico.
O trabalho resultou, até o momento, em três condenações
por homicídio e oito por formação de milícia, conforme detalhou o delegado
Cláudio Henrique Freitas de Oliveira, da 4ª Delegacia de Homicídios de Natal.
“Já tínhamos uma investigação de homicídio bem
avançada quanto à autoria. Quando acessamos o Sinab, começou a dar positivo
para outros casos, e percebemos que eles também apresentavam características
similares”, afirma o delegado.
Segundo ele, foram identificadas conexões diretas
entre cinco homicídios dentro do conjunto de 46 pelos quais a milícia é
investigada. Uma das armas usadas nas execuções foi apreendida e contribuiu
para reforçar os vínculos entre os crimes.
“Isso facilita a instrução processual. Antigamente,
dependíamos quase de uma ‘iluminação divina’ para decidir comparar um caso com
outro. A grande vantagem do Sinab é justamente trazer essas coincidências
balísticas ao nosso conhecimento, permitindo que aprofundemos a investigação. É
um sistema otimizado que nos alerta”, explica Oliveira.

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