Durante participação em um evento paralelo da COP30,
em Belém (PA), a primeira-dama Janja Lula da Silva fez um discurso marcado por
imprecisões sobre a Amazônia. Em tom simbólico e político, Janja afirmou que a
região seria o “coração do planeta”, com “quase 50 milhões de habitantes”, “400
povos indígenas” e “mais de 300 idiomas” — números que divergem dos dados
oficiais.
Segundo o IBGE (2024), a Amazônia Legal reúne cerca
de 30,1 milhões de habitantes, e não 50 milhões, como dito pela primeira-dama.
Já o Censo 2022 aponta a existência de 305 etnias indígenas e 274 línguas em
todo o território nacional — não apenas na região amazônica. O estado do
Amazonas, por exemplo, tem população estimada em 4,3 milhões.
O discurso de Janja, feito em tom festivo, foi alvo
de críticas de especialistas e ambientalistas, que apontaram uso político e
falta de rigor técnico. Para analistas, o evento, que deveria ter foco nas
políticas ambientais e na preservação da floresta, acabou sendo transformado em
um ato de exaltação ao governo.
Durante a fala, a primeira-dama também destacou
pautas de gênero e inclusão, defendendo maior participação de mulheres nas
decisões ambientais. No entanto, o excesso de slogans e dados incorretos
ofuscou a mensagem central, e o vídeo da fala rapidamente repercutiu nas redes
sociais, gerando debates sobre a condução política da imagem do governo na
COP30.

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