As decisões dos governos da Argentina e do Paraguai
de enquadrar o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC) como
grupos terroristas vêm fortalecendo o discurso da direita no Brasil.
Parlamentares aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) querem seguir o
mesmo caminho no Congresso, o que acendeu o alerta no Planalto sobre o risco de
abrir brechas para ações e influências dos Estados Unidos.
Em entrevista à rádio ABC Color, o ministro da
Defesa paraguaio, Óscar González, afirmou que a medida dará “respaldo jurídico”
às Forças Armadas para agir contra as facções na fronteira com o Brasil. Já na
Argentina, a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, chamou as organizações
de “narcoterroristas” e anunciou reforço militar na fronteira. Ambos os
governos, alinhados a Washington, justificam a ação como parte do combate
internacional ao narcotráfico.
A direita brasileira quer incorporar o mesmo
enquadramento à Lei Antiterrorismo, de 2016, ampliando penas e poder de
investigação contra grupos que controlem territórios — como CV e PCC. A
proposta é apoiada pelo deputado licenciado Guilherme Derrite (PP-SP),
secretário de Segurança de São Paulo, e pode chegar à Câmara ainda neste mês. O
Planalto, porém, teme que a medida sirva de pretexto para interferências
externas.
Lideranças petistas, como Gleisi Hoffmann e
Lindbergh Farias, reagiram com críticas, afirmando que a equiparação
“compromete a soberania nacional” e atende a “interesses eleitoreiros”. O
presidente Lula, que já alertou na ONU para o “perigo de confundir crime com
terrorismo”, defende cooperação internacional sem abrir espaço para
intervenções estrangeiras.
Com informações do O Globo

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