quinta-feira, 9 de outubro de 2025

RN tem 85 presos no semiaberto sem tornozeleira ou monitoramento

 


O Rio Grande do Norte tem 85 presos registrados no regime semiaberto que cumprem pena sem tornozeleira, sem monitoramento e sem recolhimento ao sistema prisional. Dos 85, 39 são de apenados que progrediram de regime nos últimos meses sem tornozeleiras, foram convocados para instalarem os dispositivos, mas não retornaram à CEME para o procedimento. Nesses casos, segundo a Seap, os nomes foram devidamente comunicados as varas competentes para providências, com os presos podendo ter seus regimes regredidos do semiaberto para o fechado.

Os outros 46, segundo a pasta, dizem respeito a presos que progrediram de regime mas sem ordem judicial para utilização de tornozeleira eletrônica, ficando obrigados a comparecer quinzenalmente para assinar documento de comparecimento. A pasta disse à TRIBUNA DO NORTE que não há falta de tornozeleiras atualmente e que dispositivos em estoque para novas progressões de regime. Atualmente, quase 3 mil presos são monitorados diariamente no RN.

“Já há alguns meses, desde aquele esforço que fizemos, não há qualquer demanda reprimida, fila, nem pessoas aguardando por tornozeleiras. Não existe mais esse passivo. Zeramos esse passivo há alguns meses. Não está faltando tornozeleiras, temos estoque disponível com bastante quantidade para atender nossas demandas tranquilamente”, explica Deivid Matuzalem, coordenador da CEME no Rio Grande do Norte.

As tornozeleiras são tanto para novos apenados que progridem de regime quanto para dispositivos que apresentam algum tipo de defeito, por exemplo. Em maio deste ano, a TN noticiou que cerca de 300 presos do regime semiaberto estavam sem monitoramento. Na época, a pasta tinha notas fiscais em aberto e negou qualquer tipo de suspensão dos serviços de monitoramento. Em junho, a Seap informou ter regularizado o atendimento

A legislação determina que é dever do Estado fornecer o equipamento de monitoramento eletrônico para presos que progridem de regime. Mesmo na ausência de dispositivos, o magistrado é obrigado por lei a conceder o alvará de soltura com base na progressão. Atualmente, duas empresas prestam o serviço de monitoramento eletrônico no Rio Grande do Norte. Uma delas foi contratada após recomendação do Ministério Público, devido à inadimplência da anterior na entrega dos dispositivos. Os contratos mensais variam de R$ 200 mil a R$ 400 mil. A Seap informou também que não há notas fiscais em aberto junto as empresas.

MP: Estado não cumpre legislação para o semiaberto

Para o promotor Vitor Emanuel de Medeiros Azevedo, da 70ª Promotoria de Justiça do Ministério Público (MPRN), o Rio Grande do Norte não cumpre a legislação para o semiaberto prevista na Lei de Execuções Penais (LEP).

“A lei de execução penal prevê que o regime semiaberto seja cumprido em estabelecimento prisional. Nesse particular, o Estado do RN não cumpre a lei, pois não disponibiliza nenhuma vaga para esse regime. Por outro lado, o monitoramento eletrônico, após muitos problemas, passou a ser feito com maior regularidade”, cita. “O MP tem especial preocupação com a falta de vagas no regime semiaberto estadual, embora reconheça que, para a maioria dos casos, o monitoramento eletrônico é uma alternativa mais digna para o preso e mais econômica para o Estado”, acrescentou.

O promotor disse ainda que, neste momento, não será necessário novo contrato emergencial para tornozeleiras eletrônicas, apontando que o sistema não está mais sofrendo com escassez de dispositivos. Ele aponta ainda que recentemente foi aberta nova licitação para novo contrato de monitoramento eletrônico.

RN registrou problemas com tornozeleiras em 2025

O problema no fornecimento de tornozeleiras eletrônicas persistiu por mais de um ano no RN. Em fevereiro de 2024, o serviço foi suspenso temporariamente após uma das empresas ter uma remessa de 500 tornozeleiras retida no Aeroporto de Guarulhos (SP), devido à greve dos auditores fiscais da Receita Federal. Em agosto, o problema se repetiu por falta do equipamento no mercado, deixando cerca de 500 presos do semiaberto sem monitoramento. Em maio de 2023, a dificuldade já existia por ausência de envio das tornozeleiras por parte de uma das fornecedoras, situação que levou o Judiciário a suspender penas por impossibilidade de cumprimento da medida.

Em 2025, a Seap informou que monitoramento eletrônico de apenados do regime semiaberto está sendo ampliado com novos investimentos do Governo Federal. Por meio da Secretaria Nacional de Políticas Penais (SENAPPEN), foram destinados R$ 1,6 milhão para a contratação de equipes multidisciplinares e R$ 2,5 milhões para custeio do monitoramento em 2025. A execução do projeto está sob responsabilidade da SEAP.

A CEME está instalada na Central Integrada de Gerenciamento Operacional do Sistema Penitenciário (CIGOSPEN), localizada na Avenida Ayrton Senna, no bairro de Neópolis. A unidade funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, no monitoramento e fiscalização do regime semiaberto e das medidas protetivas (agressores no âmbito da Lei Maria da Penha, por exemplo). A CEME disponibiliza o telefone (84) 98847-6445 para denúncias envolvendo tornozelados foragidos da Justiça e informações sobre violações e rompimentos.

 

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