Apesar de o advogado Nelson Wilians não ter
respondido a perguntas da CPMI do INSS sobre seu papel na fraude aos
aposentados, relatórios do Coaf revelam negócios multimilionários dele com o
empresário Mauricio Camisotti, preso pela PF em setembro.
Em sua declaração de Imposto de Renda para o
ano-base de 2023, Camisotti registrou que Nelson Wilians lhe devia 35 milhões
de reais. Desde então, recebe “altas transações” do advogado todo mês, segundo
alerta recente do banco que opera sua conta ao Coaf.
O relatório de inteligência financeira resgata a
explicação do empresário ao próprio gerente: a pendência de Wilians seria um
valor a receber pela venda de um imóvel na Flórida, nos Estados Unidos. É um
caso raro de advogado que deve até as calças ao cliente – e não o oposto.
Camisotti, vale lembrar, é acusado pela PF de usar
empresas de seu grupo THG para movimentar recursos obtidos, supostamente, de
forma ilegal por descontos não autorizados nas contas de aposentados e
pensionistas do INSS pela Associação dos Aposentados Mutualistas para
Benefícios Coletivos, a Ambec.
As movimentações que atraíram a suspeita de
investigadores não param por aí. Fernando Cavalcanti, ex-sócio de Nelson
Wilians, entregou à CPMI vários outros contratos de empréstimo, compra e venda
de imóvel e confissão de dívida do advogado com Camisotti, que aparece sempre
no papel de credor.
A papelada sigilosa revela que o passivo entre os
dois pode ser ainda maior. Em 16 de dezembro de 2021, Wilians e sua esposa,
Anne Carolline, além do escritório de advocacia e de duas empresas do alvo da
CPMI, reconheceram uma dívida de 65,3 milhões de reais com Camisotti e sua
então esposa Cecília Montalvão. Um dos objetos da dívida seria um imóvel comercial
em São Paulo – aparentemente, nada a ver com o outro na Flórida.
O pagamento ficou combinado em sessenta parcelas
mensais de 1.088.000,00 reais – o que indicaria que Wilians está quitando a
pendência até hoje.
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