terça-feira, 14 de outubro de 2025

Parque Linear usará áreas degradadas para lazer e preservará vegetação densa

 


O secretário de Meio Ambiente e Urbanismo de Natal, Thiago Mesquita, afirmou que o projeto do Parque Linear da Avenida Engenheiro Roberto Freire será construído com ampla participação popular.

Ele disse que o município pretende ouvir a população sobre os equipamentos que deverão ser implantados no novo espaço de lazer e destacou que não há conflito técnico entre a iniciativa da Prefeitura e a área de preservação.

“O projeto, a gente quer fazer um projeto muito participativo. A nossa ideia é espalhar pela cidade outdoors com QR Code, dando um prazo para a gente receber propostas da população”, explicou o secretário, em entrevista à TV Agora RN (YouTube) nesta segunda-feira 13.

Segundo Mesquita, o objetivo é unir as sugestões recebidas à avaliação técnica e legal que será conduzida pela Secretaria de Infraestrutura (Seinfra), responsável pela execução do empreendimento. A Semurb, por sua vez, cuidará do licenciamento ambiental e da coordenação urbanística.

A ideia da Prefeitura é criar o Parque Linear em uma faixa de 10 hectares do Parque das Dunas ao longo da Avenida Roberto Freire, entre a Comjol e o Praia Shopping. A área pertence ao Exército Brasileiro e foi oficialmente cedida à Prefeitura em julho.

Ele explicou que o município já regularizou a cessão e registrou o documento em cartório. “Nós temos, de fato, uma cessão onerosa. O município vai dar uma contrapartida ao Exército Brasileiro em obras para poder utilizar essa área”, disse.

A Seinfra está agora responsável por licitar os estudos ambientais e preparar o relatório florestal, etapas que antecedem a elaboração do projeto executivo. De acordo com o secretário, a execução é simples e poderá ser iniciada após a liberação das licenças. A previsão é que os estudos ambientais e o licenciamento sejam concluídos até o início de 2026, permitindo o início das obras ainda no mesmo ano.

“A construção de um parque desse é muito simples. Os equipamentos que estarão ali são mais simples. Demoraria em torno de seis a oito meses, no máximo, essa parte de execução. Considerando algumas questões burocráticas de 90 a 120 dias, nós temos uma estimativa que ano que vem esse equipamento já deve estar disponível à população – ou parte dele, pelo menos”, afirmou.

Compatibilidade com o plano de manejo

Durante a entrevista, o secretário rebateu críticas ao projeto feitas por ambientalistas. No mês passado, técnicos do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) e o Conselho Gestor do Parque das Dunas sugeriram uma área alternativa para implantação do projeto.

Para os órgãos ambientais, parte da faixa definida pela Prefeitura tem vegetação densa e não seria adequada para uso recreativo. Eles defendem que o parque se concentre em uma faixa do Parque das Dunas localizada entre a Comjol e as imediações da antiga UNP.

Segundo Mesquita, essa leitura é equivocada e desconsidera o fato de que o projeto ainda não foi apresentado em detalhes. Ele afirmou que o Parque Linear respeitará o plano de manejo do parque e que as áreas com vegetação mais preservada serão destinadas a usos leves, enquanto os equipamentos urbanos ficarão nas porções degradadas.

Ele acrescentou que não existe motivo para o questionamento. “Como não existe projeto, quem é que pode dizer que é incompatível?”, argumentou.

Mesquita explicou que a porção mais degradada será usada de forma mais intensiva, com áreas de convivência, lazer e esportes. A parte com vegetação mais consolidada terá trilhas, arborismo e atividades educativas.

“O parque pode se estender ao longo dos 10 hectares. Desde que você utilize a parte mais degradada, antropizada, essa parte inicial, de forma mais intensa, para equipamentos mais robustos, para mais qualidade de vida, bem-estar e lazer da população. E a outra parte, que tem uma vegetação que se regenerou com o tempo, a gente vai utilizar para uma atividade de arborismo, para uma atividade de piquenique, de trilhas, de educação ambiental. Tudo isso é completamente compatível”, explicou.

Origem da proposta e demanda popular

O secretário explicou que a ideia de criar um parque linear na Zona Sul nasceu da própria população, durante as audiências públicas de revisão do Plano Diretor de Natal. “Na discussão do Plano Diretor, nós recebemos dezenas de contribuições da sociedade dizendo que esta área deveria ser utilizada como um parque linear”, relatou.

Além de ambientalmente viável, o projeto, segundo Mesquita, está resolvido do ponto de vista fundiário, burocrático e financeiro. Ele destacou o papel do prefeito Paulinho Freire, que concluiu a cessão da área com o Exército, e mencionou o apoio do senador Styvenson Valentim (PSDB), que se colocou à disposição para contribuir na contrapartida financeira.

Supressão vegetal e compensações

O secretário também abordou a questão ambiental. Segundo ele, o projeto prevê impacto mínimo sobre a vegetação e incluirá medidas de compensação e replantio.

“É provável que a gente tenha alguma necessidade de supressão vegetal mínima. Nós vamos evitar o máximo possível, tentar fazer até o transplante de árvores que, porventura, seja necessário. Mas lembrando que toda essa vegetação é secundária, ali não é mata nativa”, explicou.

Ele informou que a área a ser usada pelo parque corresponde a apenas 0,9% dos 1.172 hectares do Parque das Dunas e que o município se comprometerá a dobrar o número de árvores plantadas em relação às que precisarem ser removidas. “Isso vai ser condicionado no licenciamento”, detalhou.

Mesquita afirmou que o projeto não é uma ameaça à unidade de conservação, mas uma forma de aproximar a população da natureza. Ele citou o Bosque dos Namorados e o Parque da Cidade como exemplos de equipamentos urbanos que convivem de maneira equilibrada com áreas verdes.

“O próprio Sistema Nacional de Unidade de Conservação estimula a criação desses tipos de equipamento nesse tipo de unidade, porque é exatamente através da educação e percepção ambiental, é o ser humano valorizando aquela área preservada, que ele consegue entender a importância de preservar o meio ambiente”, observou.

 

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