quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Faturamento de bares e restaurantes cai 1% no RN

 


O faturamento de bares e restaurantes do Rio Grande do Norte recuou 1% em setembro, segundo o índice Abrasel-Stone. Apesar da queda, o desempenho potiguar foi um dos melhores do país em um mês marcado pelos impactos da crise do metanol, que abalou a confiança de consumidores e comprometeu as vendas no setor. No comparativo com o mesmo mês de 2024, o RN apresentou melhora: naquele ano, a retração havia sido de 4%.

O presidente da Abrasel RN, Thiago Machado, avalia que o resultado é positivo, considerando a quantidade de fins de semana em setembro. “Em agosto a gente teve cinco finais de semana, em setembro só tivemos quatro. Então, assim, a ideia é que a gente teve mais venda, mesmo perdendo 1%. Se a gente tivesse tido cinco finais de semana como foi em agosto, esse número seria bem positivo”, destacou.

Ele ressalta que a retração foi mínima em comparação com o restante do país, mas que há características peculiares no RN neste período do ano. “Acabaram as épocas de chuva, então isso influencia no faturamento dos bares e restaurantes. Imagina só, se chover, por exemplo, o faturamento dos restaurantes de praia ou mais abertos cai drasticamente e o povo naturalmente deixa de sair de casa também”, disse.

O RN registrou um crescimento de 5,8% no turismo em agosto, sendo este o primeiro resultado positivo após quatro meses de queda. O desempenho coloca o estado na segunda maior alta entre os 17 pesquisados pelo IBGE. Machado comentou que o aumento do turismo no estado se refletiu em setembro e contribuiu para impulsionar o faturamento dos estabelecimentos: “Outra coisa é, a gente teve um incremento no turismo neste mês de setembro aqui.”

Apesar de a queda de 1% ser pequena, alguns proprietários de Natal sentiram o impacto no bolso. Samaia Souza, proprietária do Panela Velha, conta que houve uma redução: “A gente não sentiu que houve um aumento. A gente tinha um quadro de funcionários um pouco maior, reduzimos o quadro”, destacou a empresária do restaurante self-service no Beco da Lama.

Nélio Pedro, do Bar do Pedrinho, mantém expectativas baixas para as festas de fim de ano e já planeja novas estratégias: “O movimento está muito calmo. Percebo que a cada dia vai reduzindo. Eu, como sou antigo aqui, vou me virando nos 30. Faço um evento, uma coisa e outra. Já tô pensando em fazer alguma coisa pro Halloween”, disse o empresário, que mantém o bar há 56 anos na Cidade Alta.

Apenas dois estados registraram crescimento em setembro — Maranhão (2,6%) e Mato Grosso do Sul (1%). Na média nacional, as receitas dos bares e restaurantes brasileiros diminuíram 4,9% no período. O resultado coloca o estado entre os que menos sentiram os efeitos da crise do metanol, ficando atrás do Maranhão, Mato Grosso do Sul e Piauí (0,4%).

Segundo o presidente da Abrasel nacional, Paulo Solmucci, o setor já vinha com ritmo mais fraco desde o início do mês no Brasil, após o impulso de agosto, tradicionalmente forte por conta do Dia dos Pais.

Crise do metanol

Um dos fatores que contribuem para a queda do faturamento de bares e restaurantes é a crise do metanol, substância adicionada clandestinamente a bebidas destiladas que provoca intoxicações e, por isso, tem levado consumidores a evitar esses produtos.

Segundo Thiago Machado, a crise, no entanto, não afetou significativamente o faturamento dos bares no Rio Grande do Norte: “Aqui na nossa região, principalmente no Nordeste, não foi afetado significativamente. A venda de bebidas destiladas e drinks tiveram, sim, uma redução significativa. Mas as pessoas não deixaram de frequentar os bares e restaurantes, mas consumiram chope, cerveja e vinho”.

O Procon Natal, em parceria com a Vigilância Sanitária, recolheu e descartou mais de 136 litros de bebidas alcoólicas irregulares durante fiscalizações realizadas na capital potiguar. Duas empresas foram autuadas por vender produtos com o prazo de validade vencido. Até o momento, não há registro de casos confirmados de intoxicação por metanol no Rio Grande do Norte.

Segundo Guilherme Freitas, economista da Stone, parceira da Abrasel na elaboração do levantamento, a nível nacional o desempenho recente do setor reflete também um contexto econômico mais contido. O ritmo de criação de vagas formais desacelerou, e o endividamento das famílias permanece elevado.

 

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