O faturamento de bares e restaurantes do Rio Grande
do Norte recuou 1% em setembro, segundo o índice Abrasel-Stone. Apesar da
queda, o desempenho potiguar foi um dos melhores do país em um mês marcado
pelos impactos da crise do metanol, que abalou a confiança de consumidores e
comprometeu as vendas no setor. No comparativo com o mesmo mês de 2024, o RN
apresentou melhora: naquele ano, a retração havia sido de 4%.
O presidente da Abrasel RN, Thiago Machado, avalia
que o resultado é positivo, considerando a quantidade de fins de semana em
setembro. “Em agosto a gente teve cinco finais de semana, em setembro só
tivemos quatro. Então, assim, a ideia é que a gente teve mais venda, mesmo
perdendo 1%. Se a gente tivesse tido cinco finais de semana como foi em agosto,
esse número seria bem positivo”, destacou.
Ele ressalta que a retração foi mínima em comparação
com o restante do país, mas que há características peculiares no RN neste
período do ano. “Acabaram as épocas de chuva, então isso influencia no
faturamento dos bares e restaurantes. Imagina só, se chover, por exemplo, o
faturamento dos restaurantes de praia ou mais abertos cai drasticamente e o
povo naturalmente deixa de sair de casa também”, disse.
O RN registrou um crescimento de 5,8% no turismo em
agosto, sendo este o primeiro resultado positivo após quatro meses de queda. O
desempenho coloca o estado na segunda maior alta entre os 17 pesquisados pelo
IBGE. Machado comentou que o aumento do turismo no estado se refletiu em
setembro e contribuiu para impulsionar o faturamento dos estabelecimentos:
“Outra coisa é, a gente teve um incremento no turismo neste mês de setembro
aqui.”
Apesar de a queda de 1% ser pequena, alguns
proprietários de Natal sentiram o impacto no bolso. Samaia Souza, proprietária
do Panela Velha, conta que houve uma redução: “A gente não sentiu que houve um
aumento. A gente tinha um quadro de funcionários um pouco maior, reduzimos o quadro”,
destacou a empresária do restaurante self-service no Beco da Lama.
Nélio Pedro, do Bar do Pedrinho, mantém expectativas
baixas para as festas de fim de ano e já planeja novas estratégias: “O
movimento está muito calmo. Percebo que a cada dia vai reduzindo. Eu, como sou
antigo aqui, vou me virando nos 30. Faço um evento, uma coisa e outra. Já tô
pensando em fazer alguma coisa pro Halloween”, disse o empresário, que mantém o
bar há 56 anos na Cidade Alta.
Apenas dois estados registraram crescimento em
setembro — Maranhão (2,6%) e Mato Grosso do Sul (1%). Na média nacional, as
receitas dos bares e restaurantes brasileiros diminuíram 4,9% no período. O
resultado coloca o estado entre os que menos sentiram os efeitos da crise do
metanol, ficando atrás do Maranhão, Mato Grosso do Sul e Piauí (0,4%).
Segundo o presidente da Abrasel nacional, Paulo
Solmucci, o setor já vinha com ritmo mais fraco desde o início do mês no
Brasil, após o impulso de agosto, tradicionalmente forte por conta do Dia dos
Pais.
Crise do metanol
Um dos fatores que contribuem para a queda do
faturamento de bares e restaurantes é a crise do metanol, substância adicionada
clandestinamente a bebidas destiladas que provoca intoxicações e, por isso, tem
levado consumidores a evitar esses produtos.
Segundo Thiago Machado, a crise, no entanto, não
afetou significativamente o faturamento dos bares no Rio Grande do Norte: “Aqui
na nossa região, principalmente no Nordeste, não foi afetado
significativamente. A venda de bebidas destiladas e drinks tiveram, sim, uma
redução significativa. Mas as pessoas não deixaram de frequentar os bares e
restaurantes, mas consumiram chope, cerveja e vinho”.
O Procon Natal, em parceria com a Vigilância
Sanitária, recolheu e descartou mais de 136 litros de bebidas alcoólicas
irregulares durante fiscalizações realizadas na capital potiguar. Duas empresas
foram autuadas por vender produtos com o prazo de validade vencido. Até o
momento, não há registro de casos confirmados de intoxicação por metanol no Rio
Grande do Norte.
Segundo Guilherme Freitas, economista da Stone,
parceira da Abrasel na elaboração do levantamento, a nível nacional o
desempenho recente do setor reflete também um contexto econômico mais contido.
O ritmo de criação de vagas formais desacelerou, e o endividamento das famílias
permanece elevado.
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