quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Estado registra aumento no número de empresas inadimplentes em agosto

 


O Rio Grande do Norte registrou aumento no número de empresas inadimplentes em agosto de 2025, segundo dados do Serasa Experian. O número atingiu 87.484 empresas inadimplentes, dado superior em 1,4% a julho, que foi de 86.206 empresas. Nacionalmente, o Brasil saltou de 8 milhões para 8,1 milhões de empresas inadimplentes.

Segundo a pesquisa, a dívida média no Estado é de R$ 23,3 mil, a maior do Nordeste. O Nordeste do país registrou mais de 1,1 milhão de empresas inadimplentes em agosto. O estado da Bahia se destacou com o maior volume absoluto (353.652), seguido por Pernambuco (221.433) e Ceará (191.488). Alagoas apresentou a maior taxa de inadimplência proporcional do país, enquanto Sergipe e Piauí ficaram com os menores volumes.

Segundo o economista e superintendente do Conselho Regional de Economia (Corecon-RN), Ricardo Valério, a inadimplência atingiu níveis recordes nas empresas e também cresceu nas famílias.

“Muito em razão dos juros proibitivos e exagerados da taxa Selic de 15%, a maior dos últimos 20 anos. O que antes era somente uma estatística preocupante em relação às famílias brasileiras, quase 80% com dividas e inadimplência, e passou a ser um desafio também para as empresas nacionais, que por alta inadimplência, já foram fechadas mais de 800 mil empresas em todo Brasil”, explica Valério.

Valério acrescenta ainda que, do lado das famílias, os indicadores têm sido quase sempre de aumento de endividamentos. Em agosto o número atingiu 71,78 milhões de endividados, com um crescimento de 15,86%, segundo dados do Indicador de Inadimplência de Pessoas Físicas, apurado pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).

“Isto passa a ser um ciclo desvirtuoso; cidades com famílias endividadas compram menos e as empresas passam a vender menos também e os juros altos, e aplicado acumulativamente juros sobre juros, gera a ciranda do endividamento perfeito e que só tende a se agravar”, cita.

O economista cita ainda que resta às empresas apostarem na recuperação de parte dos seus ativos em endividamento, para as campanhas do “Serasa Limpa Nome”, que ocorre rotineiramente todos os anos nos meses de novembro e dezembro.

“Acredito que o Governo Federal vá renovar o socorro dos anos de 2023 e prorrogado para 2024, voltando com o “Programa Desenrola Brasil em nova versão em 2025, diante da realidade da legião de endividados de cerca de 80% e 800 mil empresas que fecharam suas portas por força do endividamento, uma verdadeira pandemia de inadimplência das famílias e empresas”, finaliza.

Ricardo Valério aponta ainda que haverá reunião do Banco Central nesta semana para se discutir a taxa de juros no Brasil. Ele aponta que nos Estados Unidos, mesmo com inflação baixa, a expectativa é de duas reduções de taxas de juros para 2025, enquanto que o Brasil tem permanecido com uma taxa Selic “exagerada” de 15% ao ano.

Brasil

O avanço da inadimplência entre as empresas brasileiras vai além do recorde de 8,1 milhões de CNPJs negativados em agosto – o maior número desde o início da série histórica do Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian, primeira e maior datatech do país. O impacto também se reflete nas finanças dessas companhias: no período, a dívida média totalizou R$ 24.631,20, um aumento de 13,6% em relação a agosto de 2024. Cada empresa inadimplente acumula, em média, 7,4 contas em atraso, com um ticket médio por compromisso financeiro vencido de R$ 3.339,10.

Para Camila Abdelmalack, economista da Serasa Experian, os dados refletem um cenário de crédito mais restritivo e crescentes pressões sobre o caixa das empresas.

A economista da datatech, Camila Abdelmalack, explica que esse aumento no ticket médio ocorre por uma combinação de fatores. “As altas taxas de juros deixam a negociação mais cara e mais difícil, assim como um ambiente mais restritivo por conta do volume recorde de inadimplentes, fechando assim um ciclo que complica a recuperação do crédito e a saída da inadimplência por essas empresas”, finaliza.

As Micro, Pequenas e Médias Empresas seguiram, em agosto, sendo as mais impactadas pela inadimplência no país, segundo o indicador da datatech, representando 7,7 milhões do total de 8,1 milhões de CNPJs. Juntas, concentraram o volume de 55,2 milhões de dívidas negativadas que somaram R$ 179,8 bilhões.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

VÍDEO - Ex-capitão do BOPE Rodrigo Pimentel critica atuação do ministro da Justiça diante da megaoperação no RJ: ‘deveria saber o que diz a Constituição’

  O ex-capitão do BOPE no RJ, Rodrigo Pimentel, analisou a recente megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha em entrevista à CNN Brasi...