Berçário pronto, mãos esterilizadas com álcool,
ultrassom e, em seguida, a 'cesárea'. A imagem que pode vir à mente é de um
parto de um bebê em uma maternidade, mas o procedimento é para o nascimento de
um pintinho no galinheiro de um sítio na zona rural de Caraúbas,
na região Oeste do Rio Grande do Norte.
A pequena Sofhya de Moura, mais conhecida como
Sofhya Vaqueira, de 7 anos, viralizou na internet ao mostrar os
"partos" de pintinhos. Ela abre ovos que já passaram do prazo de
eclosão a fim de ajudar os bichos que não conseguiram quebrar a casca.
O berçário é um balde com terra e um pano limpinho,
o exame de som consiste em aproximar o ovo da orelha e identificar onde está o
bico da ave. Por fim, a cirurgia envolve quebrar a casca com cuidado e ajudar o
pintinho a sair do ovo.
O manejo aprendido com os pais produtores rurais foi
registrado em alguns vídeos da menina no perfil que ela mantém nas redes
sociais. Um deles viralizou e alcançou mais de 3,7 milhões de visualizações.
O cuidado com os animais recebeu elogios nas redes
sociais, com internautas apontando que Sofhya teria vocação para a Medicina
Veterinária. A criança confirma o amor pelos animais, mas tem outros planos
para o futuro além da veterinária.
"Eu amo os animais. Eu quero ser
veterinária, professora e correr vaquejada. Eu aprendi isso com meu pai, minha
mãe e minha avó e hoje sou em quem faz (os partos)", diz.
Sofhya tem cerca de 990 mil seguidores no seu perfil
no instagram, aberto ainda durante a pandemia e administrado pela mãe, a
agricultora e pedagoga Vanessa de Moura.
Redes sociais como terapia para o
autismo
Vanessa conta que resolveu usar as redes sociais
para incentivar a filha, que tinha atrasos na fala e foi diagnosticada com
autismo de suporte nível 3 aos 2 anos e 11 meses.
“A gente iniciou nas redes sociais como uma forma de
ajudar ela na fala, que era bem prejudicada na época”, conta Vanessa. “As
gravações começaram como um momento de diversão, mas também de aprendizado.
Quando ela cozinha, por exemplo, trabalha concentração, quantidade,
coordenação. Foi um complemento importante”, explica.
Com o tempo, a evolução de Sofia passou a inspirar
outras famílias. “Hoje, muitas pessoas chegam dizendo que ela nem parece
autista. Mas não é sobre parecer ou não”, afirma Vanessa.
As redes sociais são um complemento ao tratamento.
Sofhya vai à escola, na cidade de Caraúbas e faz terapias semanalmente. Mãe e
filha chegam a sair de manhã de casa e só voltar à noite, em alguns dias.
O pai e a irmã mais velha, de 16 anos, também
participam dos vídeos da criança, que ainda contam com receitas e outras
atividades do cotidiano da roça.
A mãe explica que a família não tem renda garantida
pelos vídeos, mas ganhou um grande presente do cantor Júnior Vianna, de quem
Sophya é fã. Ele realizou a reforma da casa da família, na comunidade Baixa do
Meio, localizada há cerca de 15 km da cidade.
"A gente vai permanecer nas redes sociais, mas
sempre priorizando os estudos, que é o mais importante, a infância, o lazer, o
descanso. Sempre tem essas prioridades. E as redes sociais entram como um
momento de diversão na nossa vida", diz a mãe.
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